sábado, 27 de junho de 2009

Notícias de lá retratam parte disso aqui

Notícia [1 Conhecimento, informação. 2 Nova, novidade (...) 6 Memória, lembrança. 7 Nota, observação, apontamento. 8 Noção, conhecimento].
Michaelis


Esses dias uma pessoa chegou em Tripoli e vinha direto do Brasil. Trouxe em sua mala duas revistas para mim: a Época e a Época Negócios. Optei primeiro pela semanal, pois já não estava assim tão atualizada, então não gostaria de passar mais tempo distante das manchetes principais que narram o Brasil.

Fiquei um pouco chocada com algumas reportagens, como a que faz um paralelo do custo do Centro Administrativo do Estado de Minas Gerais, com a construção e montagem de quatro hospitais como o Instituto do Câncer em São Paulo, com 474 leitos - e que ainda sobraria dinheiro para um hospital menor, com 200 leitos.
Ainda, li quanto às especulações de um terceiro mandato do Presidente Lula, da doença da Dilma, das articulações do PSDB e da volta de Renan Calheiros, daquele jeito.

Sobre o mundo, nada além de Barack Obama e o (maluco) Kim Jong-il, da Coreia do Norte, com seus testes com bombas nucleares.

No fim das contas e da revista, tudo permanece como está - e esteve. A impressão que tive foi de que estou imersa em uma bolha e que tenho utilizado a internet para raríssimas curiosidades e excessivas mensagens aos amigos e familiares, para dizer que estou bem.

Embora minha página de abertura do navegador seja a de um Jornal Brasileiro, rapidamente passo os olhos pelas manchetes e dificilmente clico em alguma para me aprofundar um pouco mais. E, na verdade, não saber o que acontece por lá me fez sentir emburrecida, mas ao mesmo tempo, não vou prometer para ninguém, nem a mim mesma, de que vou me esforçar para me sentir conectada ao "lá".

O que vou tentar fazer é procurar por estas pessoas que vêem do Brasil e pedir que elas tragam oportunidades como essa. Só com algo impresso, em mãos, consigo priorizar a minha leitura e não ao trabalho ou ao ócio individual - e é por isso que acho que os livros não vão acabar um dia, como o vinil, em troca do CD e quase o CD, pelos MPs - 3, 4, 20 - da vida.

Divagações à parte, ler a Época da primeira semana de Junho me trouxe a conhecimento o Projeto Generosidade. Em soma, veio uma reportagem ilustrando o que é e tende a ser a Terceira Edição desta iniciativa.

O que li retratava parte do trabalho do Instituto Rukha, uma organização não-governamental que ajuda mães de crianças pedintes a refletir sobre a educação que dão a seus filhos: forte e difícil, bem Brasil.

E, curiosamente, ontem fui comer pizza com as pessoas do departamento onde trabalho e, pela primeira vez, andei a pé por uma das ruas mais movimentadas de Tripoli, vivendo um pouco do que é estar aqui, finalmente. Dentre umas passadas e outras, entre a ida e a volta, antes e depois da pizza, eu vi algumas crianças entre os carros em meio ao engarrafamento, pedindo esmola* e outras supostamente tentando vender algo que tinha acabado.

De novo, ao meu ver, eles estão começando errado. Estão fazendo o país renascer sob os piores mau-exemplos que temos: falta de transporte público, infra-estrutura, educação e acessos em geral.

Enfim, parecia que tinha lido uma Época da Líbia e, como disse Luiz Alfaya, diretor do Rukha, "o farol é o melhor caminho para acabar com o futuro de uma criança".
Assim, começamos a mesma história, em outro lugar, da mesma forma: "Quem nunca contribuiu com isso, dando uma esmolinha e depois acelerando o carro com a consciência aliviada?", Alfaya. Resta saber se o fim se repetirá por aqui, como o começo.

*Vale dizer que as pessoas que estão em Tripoli há mais de um ano se surpreendem ao ver cenas como esta, ainda não vistas até então. Será uma conseqüência do Pioneirismo, do estrangeirismo, do crescimento acelerado, desordenado, não planejado? E a gente faz o quê? Quem é "a gente" e o que é "o quê"?

2 comentários:

Tassia Corina disse...

Babes,
adoro ler seu blog!
Me sinto um pouquinho mais pertinho de você...
Estao dizendo por aí (esses bandidos do STF) que nao precisa de diploma mais para ser jornalista...
ainda bem que na nossa época precisava, né? senao, como eu ia conhecer você??
também duvido que um curioso qualquer saiba escrever tão bem quanto você! Ta.. ta.. talvez nao precisa de faculdade pra isso, é um dom. Mas na faculdade a gente conhece pessoas que nos inspiram, que nos movem e acabamos formamos a nossa tribo.
Sinto muita falta de voce, pandão!
Um beijao

Conina

Anônimo disse...

Прикольненькая идея, как долго ожидать публикацию свежего материала и вообще стоит ожидать ?

*Não adesão à nova regra gramatical.