quinta-feira, 5 de março de 2009

"Isso aqui ô ô(...)

Pioneirismo [Caráter ou qualidade de pioneiro].
Pioneiro [1 Aquele que primeiro abre ou descobre caminho através de uma região mal conhecida. 2 Explorador de sertões. 3 Precursor. 4 Aquele que prepara os resultados futuros].

Michaelis

(...) É um pouquinho de Brasil, iá iá".

Semana passada fomos comer acarajé na casa de um Engenheiro Baiano e entre a fritura e o vatapá, falávamos dos possíveis porquês que cada um julgava justificar a vinda e o aceite desta oportunidade. Dentre as respostas, "pioneirismo" apareceu em todas elas. Já há algum tempo venho pensando nisso, mas este dia veio de encontro com minha recente leitura da Época Negócios - a de Janeiro, eu acho - que trouxe uma grande (e boa) reportagem sobre a gestão de conflito que a Alcoa tem enfrentado em sua instalação em Juriti, no Pará, Norte do Brasil.

Descartando alguns pontos, como o estudo para implementação de indicadores de sustentabilidade - porque aqui não se discute nem conceito, quanto mais aplicabilidade - a reprodução dos discursos das fontes e das personagens da matéria, abordando tópicos como aprendizado, desafio, experiência, gosto e desgosto são bem parecidos com o que temos por aqui, para evitar dizer "iguais". Para ser mais pragmática, um paralelo do Brasil de Juriti com Tripoli:

* Faltam oportunidades de lazer;
* Quase não tem o que fazer
- Aqui retiraria o "quase";
* Telefone e acesso à internet são difíceis, assim como transporte;
* A cidade inchou e mudou de cara
- Tripoli de 2007 é bem diferente da Tripoli de Março ou Outubro de 2008, imagine Março de 2009. Tudo tem evoluído rápido, o processo de desenvolvimento está acelerado e as crianças ainda não imaginam o que as espera, porque nem mesmo os pais delas estão conseguindo acompanhar a entrada de tantos produtos, a expansão e construção de rodovias, o fluxo de pessoas vindo de outros países. Que não seja a nova Dubai, mas não será a mesma Tripoli no próximo mês;
* Mudança ambiental traz aumento da população e número de doenças infecciosas
- O Governo aqui parece se preocupar em evitar qualquer tipo de epidemia, trabalha mais pela "vacina" do que pelo "soro". Prima e exige bem-estar familiar, portanto, coletivo. Assim, não há nenhum ponto alarmante nesta área, acredito eu;
* Torresmo com cachaça, assistindo jogo de futebol para matar saudade do Brasil
- É. Este ponto não teria conexão se nos prendêssemos à carne de porco, ao álcool e sua fermentação. Mas tem acarajé, brasileiros de vários Estados, milho e pão. Frutas tropicais. É só colocar Ivete e cair para o samba.

Um ponto importante a se observar é que vivências como esta podem chegar ao que a reportagem chamou de "Risco do esquema colonial", quando uma empresa toma para si a responsabilidade política e social, acabando por tomar conta da cidade. Que isso não aconteça nem aqui nem em "Juritis" desconhecidos do Brasil.

Voltando para meu paralelo, acho que independentemente desta nação ter formado uma sociedade sob as diretrizes das empresas de petróleo e do islamismo, não percebo que conhecemos o Brasil tão bem assim para dizer que aqui não tem um pouco dele e de nós. Alguém conhece, já foi ou ouviu falar em Juriti? Sob o olhar dela, isso aqui tem um pouquinho de iáiá.

2 comentários:

Marcelinho disse...

Fofa muito bom o paralelo traçado, li essa reportagem que você mencionou e você conseguiu destacar os principais pontos e trazer para sua realidade aí na Líbia! Show! Grande beijo!

Teca Camargo disse...

olha.... agora entendo o porque de vc ser jornalista!!! rsrsrsrs
li mtos post daqui... ADOREI!!!Parabens, querida!!!

*Não adesão à nova regra gramatical.