segunda-feira, 19 de julho de 2010

(Ainda) Somos os mesmos

Na noite anterior à minha partida para o sertão Baiano, fomos para a casa da vovó, ficar juntos, jogar conversa fora, comer coisas boas, tomar umas cervejas em família e rir!
Para compartilhar um pouco de como eram as noites dos meus "fins de semana" na Líbia, levei o narguilê que tomou conta do pedaço e foi a sensação: mamãe e vovó experimentaram os fumos de hortelã e maçãs (verde e vermelha), rimos dos tragos não muito bem dados e do fumaceiro que exalava cheiro bom; reunindo o que estava aparentemente isolado.

Contei um pouco das últimas semanas que vivi antes de voltar e um pouco de casos gerais, bons e difíceis que convergiram para a decisão de revê-los e estar mais próxima.
Rimos da minha imaginação quanto ao que enfrentaria pelo caminho até chegar na roça e diria que desmereceram o meu medo, fazendo um comparativo "Você morou na Líbia um ano e meio e está assim para ir ao interior da Bahia?". Sim, estava. Acontece. E rimos de novo: muitão!
Noite feliz! O dia seguinte se resumiu em comprar queijo, castanhas e afins para levar para o pessoal.

Minha mala se tornou algo totalmente inconveniente para quem pegaria dois ônibus, esperaria pelo segundo por uma quantidade de horas inesperada e andaria em ruelas de terra batida e cascalhos.
Na rodoviária, entre BH e a tal cidade-primeiro-destino, seriam 20-22 horas. Depois, mais seis (horas) e cinco km até a casa do vovô.
Tudo bem. Papel higiênico na mochila, pães de queijo, água, livro, Ipod: (acho) que estava pronta para o caminho.

As paradas na estrada, de fato, são muito precárias e embrulham o estômago algumas vezes. Um acidente entre Minas e Bahia nos deixou literalmente parados até que o tráfego fosse liberado por umas três horas. Sem sinal de celular, saí andandando por ali até achar um telefone público e avisar minha mãe que avisasse "meu irmão do meio" que não seria tal como deveria.

Depois de 30 horas, percorrendo os dois trechos, cheguei na cidadezinha próxima à roça e o Sérgio me esperava.
Quando viu a minha mala, balbuciou algo por alguns segundos e entendeu que não seria prático, cômodo, nem inteligente tentarmos uma moto, carona, carro ou bicleta para irmos para a roça, aquela hora: dormimos em uma vizinha-amiga, que nunca vi na vida, mas que trouxe o bom indício de que me sentiria em casa, mesmo após 12 anos e... 30 horas.

No dia seguinte, logo pela manhã, conseguimos carona de carro e fomos. Tia Zai, vovô e vovó nos esperavam de
braços abertos e mesa posta. Também entendi que comeria bem!
Conversa em dia pela manhã, à tarde, depois do almoço, participei com meu irmão do manuseio de adubos e preparação da terra.
Revi algumas pessoas que participavam das minhas férias de Julho, quando criança; conheci outras; relembrei e vi
que embora tenha mudado bastante, com a tecnologia e a energia elétrica presentes, o lugar "continua a mesma coisa"- "mentalidade Senhorita, mentalidade".

Tomei banho no rio. Andei de bicicleta. Comi frango que vivia no quintal. Demos comida aos porcos. Comi biscoito
recém assado em fogão a lenha. Vi como se faz um legítimo doce de leite no tacho. Tomei vinho de garrafa de plástico. Tomei picolé caseiro. Dormi depois do Jornal Nacional. Acordava com os galos. Vi como se planta árvore. Passei por um assentamento de sem-terra. Dei tomé na galinha para ver um de seus pintinhos-amarelos de perto: fofinho!

Compartilhei presente, passado e futuro, com meu irmão do meio. Comi bolo, tapioca e aipim. Cuzcuz.
E voltei, energizada, depois de 18 horas de viagem, entendida de como proceder em caso de paradas, mas sem saber que dali a dias deveria estar pronta para viajar de novo.

2 comentários:

Ingrid disse...

Pô, muito legal em trutinha. Pena que não pude ir a sua despedida, mas ficarei mais perto de ti por aqui! Bjocas

Tassia Corina disse...

Ô TREM BAO VIU?
Oxente minina! Te desejo tudo de bom no "novo" mundo que te espera!!!

Bjaooo

Conina

*Não adesão à nova regra gramatical.