terça-feira, 12 de novembro de 2013

"Isso tem sido muito comum (...)"

Eu não sou "da moda antiga", mas há pouco tempo observei como várias coisas em coletivo têm me irritado e confesso que não gostaria de me isolar, para vivenciar determinados prazeres ou simplesmente ter que pensar e repensar um simples ir e vir.

Tem me impressionado a frequência e a intensidade da rispidez das pessoas em diversas situações cotidianas, mas quando chove, parece que despenca canivete, ou elefantes. As pessoas se empurram, abrem o guarda-chuva sem a menor delicadeza, entram no ônibus ou estação de metrô como se fosse o último a passar, por uma eternidade.

A não pronúncia de "com licença" ou "por favor" me amedronta, quando a cada porrada sinto um assalto não anunciado; um descaso social que grita mais do que um berro de "sai da frente!".

Isso tudo poderia ser justificado, se este meu julgamento acontecesse por hábitos de classe distintos ou pela diferença social. Nada disso. Ao meu ver, o aumento de escolaridade nada tem representado em quesito de civilidade: as pessoas continuam (e parece que cada vez mais se tornam) inconscientes do mundo e da realidade ao seu redor.

Mesmo com tanta informação, acesso ao saber, fica até difícil falar em "senso comum".

Tanto desacredito que a taxa de escolaridade tem mudado algo positivamente, que dessas situações recentes, três me tiraram seriamente do prumo e me fizeram pensar "será que não deveria ter ido pra casa?".

Em meio a uma sessão de cinema, que já havia começado há mais de 1 hora, uma senhora, "elegante", entra falando ao celular, alto: "Estou no cinema, depois me liga. No cinema. É. No Shopping. Isso (...)" e vários da plateia começaram "Cala a boca, vaca!"; "senta porra!", "Shiiii shiiii shiii".

Em dois outros momentos, enquanto em um debate, três moças, com mestrado, não pararam de falar por quase duas horas! Eu olhava para trás, fazia caras e bocas, e nada. Eu realmente não consigo entender e o pior é que eu fico em casa enquanto essas pessoas é que não deveriam sair da delas, para causar tantos desprazeres, desrespeito.

Achando que eventualmente eu estava sensível, chata, exigente ou cri-cri demais, me senti, ao mesmo tempo que aliviada e solidária, triste e, então, descrente, quando li que o Marco Nanini suspendeu sua peça em São Paulo por mau comportamento do seu próprio público.

Se puderem me ajudar a ser otimista, fico grata. No momento, a minha interpretação da sociedade não tem sido muito boa. O que era esporádico está se tornando comum. Mas este comum não tem nos trazido nenhum bem (comum).

*Não adesão à nova regra gramatical.