segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Feliz ontem e hoje [Para que amanhã seja o Feliz ( ) Novo!].

[Longas caminhadas necessitam boas paradas].

Hoje eu virei a página de Novembro do meu calendário de papel, que fica em cima da minha mesa de trabalho; apesar de já estarmos no dia 2 de dezembro. Aliás, 20. Vi agora que escrevi e ficou na gaveta digital, dentro d'alguma das dezenas de pastas de aspirações que me chamam e que às vezes não dou "send".

Mas enfim, fecho os olhos e não sinto que já se passou mais um ano: parece que tudo foi ontem!

Ontem que saí da 99jobs e voltei "ao mercado", que nem é tão tradicional assim: posso muito ser eu mesma. 
Ontem que me apaixonei e tive borboletas no estômago e imaginava o natal da família que construiria, um dia, com ele.
Ontem que vibrava pelo renascimento em fé de uma amiga que teve câncer.
Ontem que o pai de uma amiga faleceu, uma amiga se foi de uma maneira que me trava relembrar e gerou muita dor em todas nós.

Senti que foi ontem que estava muito cansada, sem dinheiro, buscando meu refúgio, mas só o encontrava em mim 
mesma. E de que foi antes de ontem que me prometi voltar a correr e ter um dia a dia mais saudável.

Parece que foi ontem que encontrei pessoas novas, ouvi histórias interessantíssimas de anônimos que são os verdadeiros heróis deste mundo.

Ontem que filhas de amigas nasceram, outras casaram e descasaram. Que descobriram-se homossexuais, e daí?: permitiram-se ser integrados em sua genuína forma de viver - e ser.

Foi ontem que emiti uma passagem para a África do Sul, conheci a tia da Torta; a sul-africana que navegando chegou ao Brasil, sem saber onde era aquele porto.

Me pareceu ter sido antes de ontem que me mudei, porque minha casa ainda está como recém alugada, sem muitos móveis, vazia de decoração e cheia de recomeço.

Foi também estes dias que meu coração não entendeu as maldades que são possíveis pelos nossos semelhantes, que Mariana deixou de ser um nome, uma cidade, e passou a ser um país inteiro. Que Paris voltou ao ser o centro do mundo.

Mas do que sei, se é que sei, é que a Globo vai ter trabalho para para montar a retrospectiva deste ano, porque muito aconteceu em um espaço de dias que parece uma eternidade; um sentimento profundo de alta frequência da ausência de humanidade entre os mundanos, uma falta de ar esperançosa, um mundo ao contrário, mas que no fim dos dias, seguimos os dias, um de cada vez.

Não sei o que 2016 nos traz, e quem é que sabe, mas 2015 me trouxe muitas experimentações e muitos sentimentos atropelados, redefinição de tempo e espaço, às vezes com pouco fôlego e ao mesmo tempo muita energia para transformar transpiração em concretude. 

Acreditemos.
Façamos. 
Por que o que são os dias senão um construir-desconstruído de coisas e relações, que vai muito além do que podemos contar pelas folhas de qualquer calendário?
*Não adesão à nova regra gramatical.