terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Miedo

Medo. (ê) sm (lat metu) 1 Perturbação resultante da idéia de um perigo real ou aparente ou da presença de alguma coisa estranha ou perigosa; pavor, susto, terror. 2 Apreensão. 3 Receio de ofender, de causar algum mal, de ser desagradável. sm pl Gestos ou visagens que causam susto.
Michelis.
Leia ouvindo Miedo.
Acho que eu estou com medo. E dizem que é normal.
No próximo domingo, dia 04 de Janeiro, eu embarco para a Líbia, Norte da África. A ficha ainda não caiu e nisto está mais um medo: e se cair dentro do avião, na sala de embarque ou quando chegar lá? Sim, porque uma hora ela vai ter que desabar. E acho que não estou preparada. Nunca estamos.
Ontem saí com três executivos e eles me perguntaram "Como foi isso?" e, depois, "Mas por quê Líbia?". Não me lembro bem o que respondi, porque foi aquela fala corporativa, dizendo que estava segura e que era isso mesmo o que eu queria da vida: a-ha-ha; u-hu-hu. "Desafiante", completaram. Eu: "É assim que eu gosto".
Dizem que tenho o mundo pela frente, que vou viajar muito e conhecer vários outros lugares atípicos. Quero mesmo é falar mais outras duas línguas, embora tenha vergonha de começar pelo espanhol. Humpf!
Por outro lado, do outro lado do medo, eu realmente acho que era isso mesmo que eu tinha que fazer: aceitar o desafio e ir. Afinal, se eu quero construir uma carreira internacional, viajar e falar outros idiomas, não poderia ficar em um só lugar, no Brasil.
Tenho medo de sentir muita saudade. Tenho medo de viver essa cultura ainda bem obscura. E dizem "calma, é natural".

Estou fugindo de algumas fotos, alguns momentos e algumas pessoas. Fatos. Acho que estou sem estômago. Sem força. Estou esperando a ficha cair para ver se entendo mesmo as minhas escolhas. E, dizem, ainda, que felicidade é a soma das nossas escolhas com a sorte. Acho que a sorte é quem determina, no fim das contas: é ela quem põe o ponto final, ou não? Acho que sim. Nossas escolhas são reticentes. Olha só meu medo. Ele não diz nada, apenas, dá espaço para eu continuar a frase, positiva ou negativamente, e quem vai dizer o teor desta, é a sorte.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Se a moda é falar de crise...

Crise. [cri.sesf (gr krísis) 1 Med Momento decisivo em uma doença, quando toma o rumo da melhora ou do desenlace fatal. 2 Med Alteração súbita, comumente para melhora, no curso de uma doença aguda. 3 Momento crítico ou decisivo. 4 Situação aflitiva. 5 fig Conjuntura perigosa, situação anormal e grave. 6 Momento grave, decisivo. 7 Polít Situação de um governo que se defronta com sérias dificuldades para se manter no poder. C. anafilactóide: estado mórbido cujos sintomas se assemelham aos da anafilaxia, e que é causado por coloidoclasia. C. coloidoclástica: o mesmo que coloidoclasia. C. de nervos: ataque de nervos. C. de trabalho: complicação ou embaraço nas relações sociais decorrente da falta de serviços em que se empregam as classes menos abastadas].
Michelis

Há dez dias eu procurava inspiração para escrever por aqui, mas como nada de muito extraordinário aconteceu ao ponto de compartilhar publicamente, resolvi falar de crise, afinal, nos telejornais, revistas, jornais, rádios e até em programas que deveriam ser de entretenimento não há pauta para outro assunto. Enfim, estou na moda. O post é sobre a crise, ou, algo que a circunde.
Dentre as coisas que li, três me chamaram muito a atenção. A primeira foi um artigo vindo de um publicitário, veiculado pelo grupo dos membros do Pioneers of Change. Recebi o email com o cálculo que dizia que com 40 bilhões de dólares os países "ricos" resolveriam a questão da fome no mundo ou, que fosse três vezes mais, 120 bilhões. Mas, ironicamente,em duas semanas, estes mesmos países levantaram 2.2trilhões de dólares para "para salvar da fome quem já estava de barriga cheia".
O absurdo, ao meu ver, vai ao dia-dia desses líderes: os executivos da GM, por exemplo, que mendigaramm por moedas, foram pedi-las de jatos executivos, com custo milionário por cada reunião cujo objetivo era estender a mão, com cara de faminto.
O segundo texto foi de um artigo no blog Crise e Comunicação, desenvolvido pela LVBA Comunicação, "Não fale em crise, trabalhe". Essa me deu vontade de entrar na tela do computador e dar abraço no autor e dizer, "obrigada", alguém deste meio (comunicação) sensato e, por favor, retransmitam o recado. E, não vou me prolongar por aqui, o título dele resume por si só o que devemos fazer nesta "Era" - bom, mas também, o texto é de Paulo Nassar, dispensa-me mesmo comentários.
O terceiro texto foi do Professor Francisco Gracioso, na Época Negócios deste mês, que justifica o porquê de continuarmos a anunciar na "crise", pontuando o benefício do investimento em marketing e publicidade, principalmente nestes momentos em que somente os visionários enxergam oportunidade.
Vejam, portanto, três experts de comunicação falando sobre o tema, usando de fontes diferenciadas, para enfatizarem algo que não ficou muito claro e que, a meu ver, poderia se resumir em publicidade mesmo, se não fosse tão simplista.
E, conectem os pontos: Change = mudança, como sugere o nome do veiculador do primeiro texto. E, para mim, difusão de idéias em massa para atuação positiva = publicidade social.
Pergunta: E se ao invés dessas idéias ficarem retidas a blogs informais, lista de emails entre amigos e burocratas do trabalho fossem levadas pelas agências de publicidade e atribuídas pelas empresas-clientes que, principalmente, se dizem diretamente atingidas pela crise, fossem modificadas em transformação social, trabalhando a educação nas pessoas, de modo que estas não se deixassem levar tão seriamente pelo negativismo espetacularizado pelos (tele)jornais?
A gente pode mudar o mundo, se a gente mudar a mente das pessoas, para que estas sejam convertidas a algo positivo, à energia e à ação, e não só à fala ou ao pensamento. Aliás, a IBM já propõe isso, ou não?! Ela está em crise?

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Um pouco menos

Pensamento [sm (pensar+mento2) 1 Ato ou faculdade de pensar. 2 Ato do espírito ou operação da inteligência. 3 Fantasia, imaginação, sonho. 4 Cuidado, preocupação, solicitude. 5 Idéia, lembrança. 6 Modo de pensar; opinião. 7 Alma, espírito. 8 Conceito, moralidade (de um apólogo, epigrama, ou sátira); a intenção de um autor. P. de classe, Sociol: conjunto de idéias, valorações, atitudes e conceitos peculiares aos membros de uma camada social. P. social, Sociol: conjunto das reflexões não sistemáticas do homem sobre suas experiências como ser social].
Michaelis.
Leia escutando "Sobra Tanta Falta", O Teatro Mágico

Nestes dois meses em que estive fora da relação direta e intensa com a AIESEC, organização para a qual me dediquei nos últimos três anos e que me fez aprender, dentre várias coisas, sobre liderança e sustentabilidade, tenho me sentido um pouco menos. Menos, principalmente, sustentável.
Hoje estive na entrega do "1o. Prêmio Varejo Sustentável" do Wal-Mart, que envolveu estudantes do ensino técnico e superior, no desenvolvimento de projetos que tornem o mercado e suas práticas mais comprometidas com a garantia de um futuro melhor. E eu adoro esse assunto. E gosto porque me identificio com as necessidades mundanas e acho que tenho potencial para contribuir com uma sociedade melhor.
Antes do evento começar, visitei a exposição, no MAM (Museu de Arte Moderna), realizada com materiais recicláveis e, visivelmente, articulada com os "básicos" três pilares.
Como era ali no Ibirapuera (o Parque), eu, de salto alto preto, calça social preta, camisa de botão e acessórios em prata, fui dar uma volta e, de novo, não vi sustentabilidade. Nem em mim mesma: refleti sobre os altos e baixos na minha alimentação e prática de exercícios físicos, prática pouco coerente ao meu próprio discurso.
Caminhei ao lado dos aparentes "atletas" que, no dia-a-dia, podem se sentir "poucos" como eu. Ouvi conversas, ouvi a mim mesma e resolvi escrever.
Palavras são uma forma de agir e acho que quando a gente externaliza o pensamento, os desafios parecem ser mais claros, mesmo os mais internos, que deveriam ser só nossos.
Que haja espaço nesta minha nova etapa de vida para me sentir mais e melhor e que eu volte a ser "um pouco mais", no mínimo.
*Não adesão à nova regra gramatical.