terça-feira, 17 de agosto de 2010

Do que vem o recomeço

A viagem começou com minha ida ao Aeroporto e, em um engarrafamento literalmente em cima da Ponte José Sarney, o taxista, até então, único a ser falante e se interessar por qualquer coisa, rasgava o verbo acerca de carreatas (razão do trânsito naquele horário) e poluição, se contradizendo:

- Mas até que lixo aqui no rio, não tem problema. Quando ele encontra com o mar, a água leva.

De São Luis, parei em Fortaleza, Recife, Salvador até que chegasse, no início da madrugada, em São Paulo.
Estava frio como há muito tempo não sentia e gosto mais ainda da garoa daquele jeito, mesmo sem roupa propícia para curtir.

Saindo pelo portão de desembarque, me encontrei com um buzinaço. Eram elas. Abraço bom e muita conversa rápida, no desespero de nós cinco em atualizar umas às outras entre Guarulhos e a casa da Te.

A Te nasceu em São Paulo, morou até o fim da faculdade em Curitiba, fez intercâmbio para a Nova Zelândia, viajou bastante, é mais nova do que eu, conhece muita coisa muito mais do que eu e se parece bastante comigo.
Não moramos efetivamente juntas em Sampa porque ela morava com o pai, mas era "praticamente". Acordava e ela estava lá e quase colocava a gente para dormir, além de dar carona nas madrugadas afora.

Foi aprovada para um mestrado nos Estados Unidos e, arquitetonicamente, programou isto aí para nos vermos e outras tantas.

Não chegamos a relembrar dois anos atrás, mas revivemos com muita alegria, conversa, risada, música, amigos, cerveja, comida; enfim, felicidade.

Além disso tudo, re-encontrei a Teca, da Líbia. Até parece que foi ontem e, diferente dela e de outras pessoas, realmente não sinto saudade. Acho que é um dos poucos capítulos totalmente bem resolvidos na minha vida, que só me dá leveza pela decisão, sem ter medo ou desconforto a não dizer que "sinto muito" - realmente não sinto.

Rapidamente, vi ainda a Dea - o casamento em que não fui. Este não é assim tão resolvido, mas passa.

Cafés.

Na correria, daquelas de parar de sentir frio, embarquei de novo e, mais uma vez, pela madrugada, repensei, pensei, vivi, revivi, ri, dormi.

Com tanta coisa, fica por aqui esta etapa do blog. Escrever assim não representa para mim o que procuro com a escrita, que é compartilhar o aprendizado para que pessoas saibam de mim e, mais ainda, sobre si mesmas. Para que façam diferente. Diferente e melhor.

A novidade não me rodeia tanto mais e o olhar já não é tão caprichoso para enxergar o curioso na simplicidade.

Estou feliz que é Brasil, mesmo certa de que não sei por quanto tempo.

Estou egoísta e, não compartilhar o dia-a-dia assim, é ter certeza de compartilhar de outra forma.

Se "Escrever é uma maneira de falar sem sermos interrompidos*", quero mais é que me interrompam, porque espero do Brasil o diálogo, o relacionamento e a proximidade. É egoísta porque hoje não penso nos que me leem e estão fora, mas em mim que absorvo que "Devemos escrever para nós mesmos, assim poderemos chegar aos outros".**

E que, do escrever, farei como pintura da voz.***

O céu da alçada mudando, voarei de volta.

*Luis Felipe Angell, "Sofocleto"
** Eugène Ionesco
*** Referência a Voltaire.

2 comentários:

Marcelinho disse...

Aumentou a saudade ao ler seu post. Conto as semanas para compartilhar momentos assim com vc no Brasil :) Bjao!

Te disse...

ahhh ruliça!! =) amei!! amei q vc veio, mesmo q rapidinho!!! la vamos nos pra msns, skype, ligações rapidas no celular! tudo pra matar a saudades de novo!!! mas ja estamos vacinadas ne?! a gte tira de letra! hehehehe

bjão!! e se cuide ai em Saint Louis!

*Não adesão à nova regra gramatical.