“O homem que remove montanhas sempre começa retirando pequenas pedras do caminho.” – Provérbio Chinês.
Conhecemos um pouco, pela história do mundo do trabalho, que as funções desempenhadas profissionalmente estavam diretamente ligadas a quem se era - fosse você filho de peixe, peixinho seria, fosse por ofertas reduzidas e concentradas, que faziam com que se trabalhasse naquilo que estava disponível. Ou seja, trabalhava-se por "necessidade ou destino", não por "liberdade e escolha"*.
Apesar de ainda achar que "poder escolher" é um atributo, na grande maioria das vezes, de classes mais privilegiadas, o discurso tem aumentado tanto, que tem incomodado até mesmo aqueles que estavam acomodados - e tudo bem!
Comecei a ouvir pessoas dizerem:
- Babi, eu acho que não tenho um propósito, e aí?
- Eu não sei se quero mudar o mundo; será que meu trabalho não tem sentido e eu não tinha me ligado?
- Eu não impacto o mundo, acho, mas o que eu posso fazer?
Esses discursos de massa me incomodam. "Empresas dos sonhos". "Trabalho perfeito": Você sonha em ir para o Japão? Que legal, eu não. Empresas são para mim como viagens: experiências muito particulares que dependerão muito mais de quem você quer se tornar, do que você acredita, do que sabe fazer e do que busca, do que algo permanente que definirá quem você é.
De verdade, não é que você não tem um propósito, não impacta o mundo ou que seu trabalho não faz sentido: o caminho é seu, não é do coleguinha, do vizinho, do amigo - é seu. E só você pode dizer o verdadeiro papel do trabalho na sua vida e acho mesmo que estará tudo bem se você não for peixe, tendo o mar como seu habitat: É você quem vai escolher quem quer se tornar, sendo.
A evolução do mundo do trabalho nos últimos anos tem sido tão velozmente acelerada, que, os 200 anos que a história precisou contar, antes que os filhos de padeiros pudessem ser outra coisa, que não padeiros, está se reduzindo para um espaço de cinco a 10 anos.
Concomitantemente a esse movimento, as perguntas enlouquecedoras que os gregos se faziam no século V a.C. sobre "como ter uma boa vida" parecem um tsunami que chegou aos lugares e profissões mais impensadas do mundo moderno.
Concomitantemente a esse movimento, as perguntas enlouquecedoras que os gregos se faziam no século V a.C. sobre "como ter uma boa vida" parecem um tsunami que chegou aos lugares e profissões mais impensadas do mundo moderno.
Então, mais preocupado em ser o "Fulano daquela empresa", a "Beltrana do RH", busque saber quem gostaria de se tornar - acho que vai ficar mais leve aceitar que tudo bem estar onde está agora e melhor ainda será o momento em que decidir sair e ser outra pessoa, em outro lugar.
Se a montanha é a junção de pequenos fragmentos; se somos a soma das nossas experiências; se os empregos não são mais estáticos, porque filho de peixe, peixinho não será e se, então, a vida também não é estática, o apego, se existir, deveria ser à nossa essência e não ao nosso empregador, ao cargo atribuído, nem, tampouco, à nossa formação.
*Como encontrar o trabalho da sua vida - Roman Krznaric.
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