sexta-feira, 5 de março de 2010

Namastê!*

Foi até bom o Mister Kang ter feito o alerta quanto ao exército nas ruas, porque comecei a ver os oficiais já mesmo dentro do Aeroporto, carregados, cada um deles, com metralhadora. Não que gerasse medo, mas é incômodo e mal sabia eu que, uma vez em Colombo, a cada momento, nossa van seria interceptada por alguns deles a checar documentos.

Diferente de Bangkok, a chegada não trouxe nenhum encontro espetacular de boas-vindas e embora não apresentasse nenhum visual altamente tecnológico, comparativamente, o Aeroporto é um pouco melhor do que os de São Paulo. Precisamos melhorar muito, principalmente porque temo-nos colocado em voga no cenário mundial e, como toda porta de entrada, é preciso mexer na infra-estrutura Brasileira.

Divagações à parte, a experiência no Sri Lanka foi um caos e, de novo, muito engraçada.

Dessa vez, quem nos acompanhou para a seleção de trabalhadores foi um Português, inteligentíssimo e sarcástico, do jeito que eu gosto: aprendizado rápido e leve. Trouxe consigo dois livros e já nos três primeiros dias já os tinha lido, estava por dentro do que acontecia no mundo e tinha como embalo à noite as notícias veiculadas pela CNN, dando-nos o resumo depois do café-da-manhã.

Também viajou boa parte do mundo e continua a trabalhar pelas netas. Tem um senhor valor à família: gostei do gajo, ó pá!

Profissionalmente, era uma surpresa a cada dia e as pessoas que nos esperavam não estavam nada preparadas para o feito e; por mais que planejássemos o dia seguinte, voltávamos à noite ao Hotel, para jantar e dormir, com a certeza de que aquelas belas colocações ficariam no papel.

Com tantos desafios inesperados, Sri Lanka vai entrar na lista dos próximos, mas realmente não acho que retorne, a não ser que haja uma conexão para as Ilhas Maldivas.

Colombo, por si só, é uma cidade aparentemente sem qualquer apresentação da cultura e é tradicionalmente como uma outra cidade grande desprovida de organização.
É ocupada por um povo sofrido, simples e boa parte abaixo da linha da pobreza.

O mar não necessariamente é serventia para um banho e descanso e, na orla, vê-se muito da Índia,com as mulheres e senhoras cobertas por seus saris vivos, que refletem a luz do sol, sendo boa parte delas e de seus familiares dispostos de uma pele com coloração única, que nos remete ao passado e a mistura da qual resulta o Brasil.

Não vi uma distinção clara entre ricos e pobres, quando todas as ruas parecem iguais, sonorizadas com muitas buzinas e algumas vacas por ali. Poucas, mas existentes. Em meio aos carros e aos saris desfilantes, há muitos triciclos que se dispõem como um veículo de transporte mais barato, ágil e, portanto, pouco seguro; envoltos a uma curiosa e, porque não, irônica publicidade por todas as esquinas, contribuindo para uma poluição visual que há muito tempo não via tão exaustiva.

O Sri Lanka fecha, em mim, um ciclo de viagens com muitos questionamentos e poucas respostas, mas, sobretudo, com uma inspiração e várias imagens boas e engraçadas, daquilo que podemos dividir e, então, voltar melhor do que saímos, sempre.

Para compartilhar a graça da simplicidade, logo no primeiro dia, fomos a um centro de teste longe do movimento comercial de Colombo. Estávamos, literalmente, no meio de um grande mato e demoramos quase uma hora para chegar lá. Eu e minha bexiga começamos a ter um impasse. Quando estava quase prestes a soltá-la, pedi que me levassem a algum lugar em que pudesse aliviá-la. Prontamente os agentes pediram para que eu entrasse na van e o motorista me levaria a um banheiro, propriamente dito.

Os 15 minutos bateram no relógio e o que eu via, pela janela, eram casebres e a imagem que tinha do que deve ser a Índia e do que é boa parte das regiões carentes no Brasil. E não via nada que pudesse me apresentar o tal banheiro.

Por fim, a van parou em um acostamento, onde havia cinco homens em pé, conversando. O motorista desceu, não fez sinal para que eu fosse, falou algo na língua deles e, então, minha bexiga gritava. Desci correndo, sem poder falar nada, porque não poderia fazer qualquer movimento, além daquele de segurar(...). Vi um casebre e ali entrei correndo. Dei de cara com uma senhora muito magra, com seu sari velho, amassado e já sem brilho. Ela sorriu, com pouquíssimos dentes, me deu passagem, tropecei em um gato, vi uma porta para uma fossa e fui. Ó, divindades budista, obrigada por esta oportunidade!

Saí, aliviada, achei uma torneira que pingava lentamente uma gota por alguns segundos e, então, a senhora voltou, rindo muito daquilo tudo.

Naquela hora, pude ver a extrema pobreza daquele casebre que abrigava mais que as cinco pessoas que lá fora estavam, com uma porção de arroz e alguns vegetais que logo compartilhariam para o almoço.

Saí e o motorista estava com uma cara incrédula. Ainda não entendi se aquele era meu destino ou se ele tinha parado para perguntar qualquer informação. Não pude esperar. E foi assim, sem pedir licença, que fui muito bem recebida por aquela senhora, a quem esteve a me olhar de longe, até que a van se desfizesse em meio a poeira da estrada de areia.
Nos dias que seguiram, me preparei antes de ir, para onde quer que fosse e, sob este aspecto, tudo correu como planejado.
*Um pouco diferente da Índia, Namastê, no Sri Lanka, tem um sentido de "que você tenha uma vida longa". E esta vai para a senhora que me acolheu, quase sem saber.

6 comentários:

Marcelinho disse...

Quantos confrontos de realidades hein? Imagino que os questionamentos tenham aumentado ainda mais!

E agora, de volta a Libia? Mande-me noticias :) Grande beijo!

Teca Camargo disse...

hihihihihihihi.... imagino a sua cara quando viu a senhora rindo!!!!
adorei!!
boa viagem de retorno a Tripoli... e segunda espero a sua ligação de qualquer maneira!!!!
beijos

Tassia Corina disse...

hahahahahahhahahahah
QUase fez pipi na rua??? hahahahaha
que piada!!! To adorando suas historias asiaticas!! Bjs

Diógenes disse...

Hahahaha!
Permita-me: *mijei* de rir!

Bjos!

Te disse...

hahaha puta merda ein Babi!! eu tenho ctza d q lá nao era seu destino final, o banheiro!! hehehehe

mto bom!
voltei a ler seu blog! =)
bjs

Aline Mamede disse...

Babi!
Ahhh, não tem jeito, o seu blog é o único que não dá preguiça de ler! A-do-ro!
Finalmente eu estou em dia com os post, li todos! Há! =)
saudades de vc, fofa! (e desse sotaque delícia de escutar)
Beijocas

*Não adesão à nova regra gramatical.