"(...) Rapidamente vêm novas turbulências, revelando motivações humanas muito diversas, mais obscuras, mais familiares, e voltamos a nos perguntar se nossa espécie, por assim dizer, não atingiu o limiar de sua incompetência moral, se continua a avançar ou se não deu início a um movimento de regressão que ameaça recolocar em questão aquilo que tantas e sucessivas gerações se esforçaram para construir".
Este é um trecho do livro "O mundo em desajuste - quando nossas civilizações se esgotam", do Libanês Amin Maalouf, publicado pela primeira vez em 2009, mas que poderia ser, facilmente, o primeiro parágrafo de qualquer primeira página de jornal do Brasil hoje ou ontem - e porquê não, do mundo?
Uma mulher é morta pelo marido (supostamente) na casa deles, em um cômodo ao lado ao que estavam os filhos. Na mesa do bar, comentamos sobre as outras suposições, depois que o marido foi encontrado morto (supostamente, suicídio). Entre tantas suposições, nos presumimos que teria sido melhor se ela tivesse sido vítima de uma assalto, sequestro ou coisa parecida. Só depois me dei conta do quanto isto reflete que estamos ficando acostumados em saber de certas notícias e que o que chocava antes , já não choca tanto agora, dependendo da ótica que se olha: uma outra morte ou agressão fica sendo mais do mesmo, diante de uma destas.
Mas um assassinato, qualquer que seja, deve assustar e deve trazer o sentimento de indignção; ou qualquer outra coisa que te motive a fazer alguma coisa - positiva, por favor! -, ao invés de trazer (somente) perplexidade e acúmulo de "mas não foi a primeira vez" e "os números sobem para XXXXX": que números, ô!?
A recorrência com que estas brutalidades vêm gerando notícias e até mesmo o volume de denúncias de corrupção que caracterizam a nossa história e as pessoas que dizem construir o Brasil estão chegando a banalidade - são tantos que a gente não se incomoda (na mesma proporção): "a vida segue"!
A gente se assusta, comenta no bar, mas depois do quarto copo já muda de assunto e só volta a se lembrar dele na hora de dormir, pedindo a Deus que tragédias como estas, e outras, passem longe da minha família. Da sua família. Dos seus amigos. Dos meus. Dos nossos. Amém.
E aí, as redes, que poderiam desempenhar um papel mais social, trazem inutilidades ainda mais banais e boa parte dos indignados desistem da missão, "porque não vai dar em nada" - me incluo nesta, não se preocupem. Às vezes, por outro lado, me sinto como Maalouf - o Amin: "(...) Antes de tudo, é simplesmente a preocupação de alguém que ama a vida e não quer se resignar ao aniquilamento que ameaça (...)".
Mas aí, no fim da contas mesmo, eu faço das palavras da Ruth de Aquino em "A palavra e o sexo" (Revista Época, 23 de Janeiro de 2012) as minhas: "(...) Mas de que adianta a minha opinião?".
Este é um trecho do livro "O mundo em desajuste - quando nossas civilizações se esgotam", do Libanês Amin Maalouf, publicado pela primeira vez em 2009, mas que poderia ser, facilmente, o primeiro parágrafo de qualquer primeira página de jornal do Brasil hoje ou ontem - e porquê não, do mundo?
Uma mulher é morta pelo marido (supostamente) na casa deles, em um cômodo ao lado ao que estavam os filhos. Na mesa do bar, comentamos sobre as outras suposições, depois que o marido foi encontrado morto (supostamente, suicídio). Entre tantas suposições, nos presumimos que teria sido melhor se ela tivesse sido vítima de uma assalto, sequestro ou coisa parecida. Só depois me dei conta do quanto isto reflete que estamos ficando acostumados em saber de certas notícias e que o que chocava antes , já não choca tanto agora, dependendo da ótica que se olha: uma outra morte ou agressão fica sendo mais do mesmo, diante de uma destas.
Mas um assassinato, qualquer que seja, deve assustar e deve trazer o sentimento de indignção; ou qualquer outra coisa que te motive a fazer alguma coisa - positiva, por favor! -, ao invés de trazer (somente) perplexidade e acúmulo de "mas não foi a primeira vez" e "os números sobem para XXXXX": que números, ô!?
A recorrência com que estas brutalidades vêm gerando notícias e até mesmo o volume de denúncias de corrupção que caracterizam a nossa história e as pessoas que dizem construir o Brasil estão chegando a banalidade - são tantos que a gente não se incomoda (na mesma proporção): "a vida segue"!
A gente se assusta, comenta no bar, mas depois do quarto copo já muda de assunto e só volta a se lembrar dele na hora de dormir, pedindo a Deus que tragédias como estas, e outras, passem longe da minha família. Da sua família. Dos seus amigos. Dos meus. Dos nossos. Amém.
E aí, as redes, que poderiam desempenhar um papel mais social, trazem inutilidades ainda mais banais e boa parte dos indignados desistem da missão, "porque não vai dar em nada" - me incluo nesta, não se preocupem. Às vezes, por outro lado, me sinto como Maalouf - o Amin: "(...) Antes de tudo, é simplesmente a preocupação de alguém que ama a vida e não quer se resignar ao aniquilamento que ameaça (...)".
Mas aí, no fim da contas mesmo, eu faço das palavras da Ruth de Aquino em "A palavra e o sexo" (Revista Época, 23 de Janeiro de 2012) as minhas: "(...) Mas de que adianta a minha opinião?".
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