Eram 22horas de uma terça-feira cansativa e eu embarcava em Guarulhos rumo a BH.
Me dei conta do meu cansaço quando sentei no ônibus que nos levaria até o avião: poderia dormir ali naquele assento desconfortável, com as minhas costas latejando, meus pés pipocando, enquanto sentia um calor desproporcional ao vento frio lá de fora.
Sem que eu percebesse, me lembrei dos meus traslados nas Filipinas e como tudo ficava mais leve quando eu olhava para as pessoas naquele país e meditava: "meu tempo é o tempo do outro".
Quase que inconscientemente, olhei pr'aquelas pessoas naquele ônibus e vi muitos semblantes - talvez - parecidos com o meu: como as pessoas estão cansadas! - e, portanto, como também queriam chegar.
Isso tudo que deve ter acontecido em 10 segundo foi o suficiente para me ver fora de mim e me observar como outrem, meditando: "seu tempo é o tempo do outro".
Por um suspiro leve, relaxei; e que bom seria se todos pudéssemos nos ausentar de nós mesmos para essa compaixão própria que pouco nos damos, por não encontrarmos tempo - nem espaço.
Já em BH, dentre tantas conversas que pude ter, muitos me disseram que estão exaustos; que correm, correm, correm: corremos pra onde? Corremos pelo que? Temos em perspectiva a linha de chegada? - "Onde é lá"? E, quando tempo "ainda falta"?
Sei lá se deveria ser o tempo o pulso da vida: #queritmoéesse?
Eu tenho tentado não embarcar na viagem (que é a vida) somente pelo relógio - é difícil, mas tem me ajudado a ser e estar melhor; aliás, talvez esse seja o grande desafio em "darmos conta de tudo hoje-agora": ser enquanto estamos, para nos tornarmos num tempo, atemporal.