sexta-feira, 20 de março de 2009

Quando o dia vira rotina

Cotidiano [1 De todos os dias. 2 Que, ou aquilo que se faz ou sucede todos os dias].
Michaelis

Engraçado como os carros são brancos e pelas avenidas se tornam creme. Não vemos Fiat pelos caminhos de passagem e os veículos são em sua maioria grandes, como carros "de família". Meus olhos então sentem dificuldade em habituar a ver outras marcas, não tão comuns àquelas que fizeram parte do meu cotidiano passado. Ou talvez seja meu cérebro que tenha tido barrreiras em assimilar estas novas conexões e enviá-las para uma adaptabilidade visual.

Interessante como nos comerciais de tevê, incluindo os do McDonalds - embora aqui não tenha qualquer uma de sua loja - as donas-de-casa usam burca e/ou véu e passam margarina ou cream cheese em metáfora à felicidade. Tudo clean e feliz na mesa-da-cozinha, no café-da-manhã: Instigante a figura da família tradicional, salvo a vestimenta, que aponta para uma alegria incontida. Ocidental (?).

Curioso pensar sobre como seriam - e na verdade são - as propagandas de shampoo e condicionador, já que os cabelos não se põem esvoaçantes ao vento da areia tempestiva: Me disseram que elas os tratam muito bem para que estejam belas, mesmo que não tenhamos visto - e que não os verei.

Barulhento que eles usam um dialeto dificilmente compreendido pelo árabe clássico. Dizem que vão rir de mim se eu não falar com o cântico prolongado e sonoro deles.

Familiar que valorizam o relacionamento, mais do que aumento de salário. Não é regra, portanto não estou generalizando, mas se percebe bastante que o valor está no olho e nas palavras que sugerem o tom do tratamento. Bom tom.

Quando a gente está fora do nosso país, ou melhor, do ambiente que nos é a zona de conforto, chega um momento que lembramos só das coisas boas, como se o estrangeiro nos apresentasse (só) os aspectos ruins. Aliás, acho que não falo por mim, ou só por mim, mas pelo que tenho ouvido e observado. É preciso estar atento.

Absurdo que eu tivesse pensado que todas estas imagens "normais" não seriam passadas à sociedade, através da publicidade, "só porque" são de uma cultura (ainda) desconhecida - por mim.
E verdadeiro como nem tudo o que é desconhecido ou diferente é negativo: Já adoro o suco de cenoura com laranja!

2 comentários:

Anônimo disse...

Aeeee Babi!!!
Mais um post lindo! Dá vontade de ler mais de uma vez, só pra tentar decorar! hehehe
Incrível como vc escreve bem.
Aposto que mesmo sendo tudo diferente, já tá ficando tudo muito igual... viva a rotina!
beijos
Gabriela

Marcelinho disse...

Sensacional fofa! Como publicitário fiquei aqui do outro lado da telinha viajando no comercial de shampoo e condicionador - deve ser o mesmo desafio que temos para transmitir aos consumidores a fragância de um perfume, engraçado. E viva a diversidade! Não deixe a peteca cair hein :) Grande beijo!

*Não adesão à nova regra gramatical.