domingo, 22 de maio de 2011

Ser essência. E muito mais.

"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o queé seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor (...)". Amyr Klink

Nesta última viagem tudo foi diferente, embora tenha sido por mesmos lugares. Passado já passante. Eu, meu pai e minha mãe e uma ansiedade de primeira viagem, literalmente. O oceano nos separava, grandemente, e até eu achei que fosse a minha primeira também: me ansiava por eles.

Paris me surpreendeu pela super lotação e pelo calor. Triste. O Sena e os Jardins nesta primavera febril já não estavam tão charmosos. Mas ainda assim, foi Paris! A Itália estava ainda pior e talvez pelos itailanos - e os legais que me desculpem, mais uma vez. Da mesma forma como a primeira, comer foi em quantidade e passou a léguas de distância pela qualidade brasileira: ainda acho (embora não faça um arroz bom) que o Brasil reuniu o que há de melhor na culinária e aprimorou; salve salve os temperos! Mas confesso, me permiti ficar entediada por alguns dias, mesmo que não seguidos. Senti falta de leitura em tanto lugar que transpira e te faz inspirar antes.

Coloquei meus objetivos ideais no papel de forma mais pragmática e consegui expor para a Milinha. Ajudou bastante, mas ainda falta.
Ser essência e muito mais.

Não li ao longo do caminho, mas antes da entrada no primeiro avião, andando pelo saguão do primeiro aeroporto que vai para a contagem das andanças de volta ao Brasil, me deparei com um encontro veicular novo: uma tal de Lola. Comprei por trazer, na capa, uma chamada de uma entrevista feita por Martha Medeiros - ok, não precisa, mas vou confirmar: sou fã!
A conversa foi com a Patrícia Pillar e foi branda, sem furos de reportagem ou revelações. Em se tratando de MM, esperava mais; e o que me surpreendeu mesmo foi uma outra entrevista, já no caminho do finalmente das páginas, com Nélida Pinõn - gostei da revista. E, se o livro"O Presumível Coração da América" trouxer a inflamação que as falas provocaram a mim, lerei assim que for publicado - previsto para Junho/Julho. Ainda, não poderia esperar que esta porta de entrada de reflexão casaria tão bem com a Europa que encontrei, refletindo exatamente o posto por ela, em que o conflito do mundo atual é extraordinário: "todo mundo com medo, fingindo que é euforia".

Do lado de lá, assistindo à BBC ou CNN percebi claramente isto e então me consumia com as idéias em fazer alguma coisa. Me debatia em vontade de ter notícia dos meus amigos e amigas Líbios - ainda em vão.

De volta, ligeiramente entediada com os aeroportos que estavam por vir, sem ter lido uma frase ao longo dos dias, me entusiasmei com o "Sex. Lies. Arrogance. What makes powerful men act like pigs*. *No offense"; capa da Time. Me deliciei com os chamados, mais uma vez. Vez ou outra parava para pensar, olhava para o lado e, no fim das 12 horas no ar, o mocinho do meu lado, em quem rapidamente tinha reparado, puxou papo sobre a capa e o que mais tivesse ali.

A cada viagem um encontro desses. Pessoas, pessoas, pessoas. Ler, ler, ler. Tudo uma viagem só, em momentos e lugares que percorrem com sua mente, onde quer que se permita levar.
Minhas anotações por enquanto ficarão no papel, o mocinho no email e a revista ao lado da cama. Vez ou outra consulta-los-ei em momentos de inspiração ou dúvida.

Aos meus pais, foi incrível. E à Europa e ao mundo, desejo sorte e mais passantes por aí, para observar e tentar fazer diferente.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Quando uma coisa desperta outras coisas

Transeunte [Do lat. transeunte, ‘que passa’. 2.Que vai andando ou passando; viandante. 3.Indivíduo que vai andando ou passando; passante, caminhante, andante, viandante]. Dicionário Aurelio.




São quatro anos fora de casa. Foi uma celebração de quatro anos em que nossas vidas se cruzaram. Éramos todos solteiros e sonhadores com um sonho em comum. Vivíamos em uma casa compartilhada entre nossas vidas que se alojavam sob um mesmo teto e muitas vezes a mesma cama. Uns dormiam de meia-noite às seis e eu mesma já dormi das seis às nove, por exemplo, algumas vezes.

Neste último fim de semana nos encontramos sob a benção de Deus, para o casamento de um deles que, ainda ou embora sonhador, só não é mais solteiro: nos últimos dois anos fui convidada para - dentre outros - cinco importantes casamentos e este foi o único em que consegui ir, face a situação de agenda x distância.

Neste caso, a linha era extrema: fui de São Luís, no Maranhão, para Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Nove horas de tudo, por trecho. As mais longas, esperando o embarque. Em Guarulhos, São Paulo, horas a fio, sem previsão, com o aeroporto de Porto Alegre sem teto para pousos, pensei, sem querer, sobre o Brasil de hoje, de quatro anos atrás e o dos quatro anos próximos. Ali, vendo tantas pessoas circularem, vindas de tantos, variados e diferentes lugares, carregando tantas histórias; lembrei de algumas minhas e assutei quando somei mais de 68 paradas em aeroportos desde que voltei da Líbia, em Julho. Pergunta: para quê? - Quais são essas facilidades tecnológicas que teletransportam e ao mesmo tempo te afastam?

Elucubrações à parte, eu, definitivamente, não quero estar transitando por aeroportos nos períodos festivos que compreenderão a Copa das Federações, do Mundo e Olimpíadas. Se neste fim de semana, fora de temporada, quase me irritei com a ordem caótica das coisas, com atrasos mal informados, atendimento confuso - coitado dos gringos! - infra-estrutura precária e abuso dos preços:
- Moça, por favor, dois pães de queijo, um capuccino e um chá gelado, por favor?
- Dezessete reais e cinquenta centavos, senhora.
Imaginemos quando a brincadeira começar?

Dentre tantas passagens que fiz, em trânsito, diria que Porto Alegre superou qualquer expectativa, não só pelo aeroporto, mas pela cidade e pessoas. Ali é outro Brasil, para mim. Outro nível de civilização: os maranhenses legais e respeitosos que me desculpem - de novo - e que não levem este comentário pessoalmente - mas eu avisei no início do texto: são opostos extremos!

Para a viagem de Porto Alegre a Santa Maria foram cinquenta reais para um ônibus luxuoso, com TV de bordo individual, cadeira (bem) reclinável, sob um asfalto seguro: seguríssimo.

Contra-pontos deixados de lado, mas não esquecidos, em breve, mais cinco aeroportos - talvez três desconhecidos - entrarão para a lista de "ser observado", porque mais uma viagem vem aí.

No fim das contas, dessas continhas, é preciso criar e abraçar oportunidades de encontrar pessoas, conhecer lugares e renovar os sonhos; não necessariamente desconsiderando, mas atribuindo menor importância aos percalsos: será que a gente consegue?




"A vida é como andar de bicicleta: para manter o equilíbrio é preciso manter o movimento". Albert Einstein


*Não adesão à nova regra gramatical.