domingo, 18 de setembro de 2011

Mulheres que o quê?

"Torna-te quem tu és", Nietzsche.

Há quase 10 anos, o consultor de empresas Julio Lobos lançava o livro "Mulheres que Abrem Passagem", do qual gosto muito, inclusive.
Me lembrei dele quando conversava com uma das contribuintes ao texto por telefone, 'dias'destes. Entre uma partilha e outra de acontecimentos, voltamos ao assunto e falamos no tal "papel da mulher".

Eu acho que não cheguei a conclusão nenhuma, mas tenho a percepção de que o mundo vai se voltar para a maternidade, pois é para o porto que nos viramos, quando estamos em caos. Para o seguro que se emboca.

Nestes pensamentos, me lembrei também que havia escrito sobre a falsa fragilidade das mulheres e o quão claro isso havia ficado para mim, assim que cheguei na Líbia. Não acho que aquela visão minha tenha deixado de existir, mas do lado deste ocidente executivo, em que me permiti conviver nos últimos 12 meses, não tenho visto muitas mulheres assim. Aliás, muitas mulheres tenho visto, em todas as funções, pensamentos e anseios. Mas muito poucas, proprocionalmente, naquele contexto maternal, cuidadoso e tranqüilo.

Neste mesmo período de reflexões, durante a leitura do recém-lançado "Feliz por Nada", da Martha Medeiros, ela também pincela o assunto com o texto "Mulheres na Pressão". Dentre outras coisas, ela aborda a competitividade que as mulheres se impuseram para com os homens e as possíveis consequências da perda da "feminilidade", inclusive uma "razão" pelo atual distanciamento que tem sido percebido do conceito de "casamento" ou qualquer outra instituicionalização do relacionamento (duradouro).

Conclusões à parte, acho que passamos a competir sim de uma forma que perdemos o espírito esportivo em algumas ocasiões; nos deixando de ser o que verdadeiramente somos para nos armar, sem desarmar o próximo e travamos uma batalha em que o stress aglomera em todos os níveis de afinidade e relacionamento, independentemente de idade, tempo, contexto, estado marital.

Se as redes sociais falassem mesmo, talvez haveria um efeito feminista ao contrário, que pedisse menos, sem que este choque significasse necessariamente a volta a um machismo - acho que precisamos (nós, mulheres) confundir menos as coisas e torná-las mais simples e claras e simplesmente viver, menos atordoadas, sob menos pressão, abrindo passagens sem derrubar meio mundo pela frente.

Como se tudo isso não fosse suficiente, a McKinsey esta semana publicou o artigo "A mudança do pensamento corporativo sobre as mulheres". Pergunto: será que mudou mesmo? As corporações mudaram porque as mulheres mudaram ou a mentalidade dos homens mudou ou de tudo isso um pouco?

Ainda sem conclusões - ainda bem, não acho que tenhamos que voltar ao tempo da minha avó também não; ao mesmo tempo, acho que podemos desacelerar o processo de querermos "ser eles" e resgatar o instinto maternal e a cautela - com o mundo, sobretudo.

Há de se começar algo novo, de se resgatar os textos de 10 anos atrás, antes que as passagens abertas nos levem para outro lugar, que jamais imaginaríamos ir. E, principalmente, donde talvez não consigamos voltar.

Um comentário:

Gabi Werner disse...

Oi Babi,
Obrigada pelo post e pelo artigo do The Careerist (abaixo). Eu tenho esperança que os ambientes de trabalho vão continuar mudando, não apenas para ser mais atrativos para mulheres talentosas, mas porque vão ser melhores para todo mundo.
Abraço,
Gabi Werner.


Women

Women feel less ambitious, says survey

Before you read on, I'd suggest that you pour yourself some whiskey. Or bourbon. Or gin. Or whatever it takes to make bad news go down a bit easier.



If you're a female lawyer (or aspiring to be), you might be wasting your energy on the wrong endeavor. In fact, if you're gunning for any high-paying, high-profile job in a male-dominated field, you might as well put the brakes on right now. Not only are your odds of success remote, but you won't be happy.



That's seems to be the message at the moment. In More magazine's latest survey of 500 women (all had college or higher degrees), ages 35 to 60, the news is that women are getting less and less ambitious:



In the search for balance, women are sacrificing ambition. When asked point-blank, 43 percent of women described themselves as less ambitious now than they were ten years ago; only 15 percent reported feeling more ambitious.



The survey gets even more discouraging:



These women want to work . . . they just don't want to advance. A full 73 percent say they would not apply for their boss's job. Why? Thirty-eight percent say they don't want the politics, pressure, and responsibility.



What women really value, reports More, is flexibility. Ninety-two percent say that's their top priority. "It's about control over how you work," explains More deputy editor Jennifer Braunschweiger. "It could be a more compressed schedule, being able to break during the day to take care of other things." She emphasizes, though, "it's not about working less or going part-time."



Look, I totally get the flexibility thing. I'm a huge proponent of job flexibility. But what I find discouraging is that women seem to have thrown in the towel on going for the top spots. Is it that impossible to have flexibility and corporate success? Are women completely discouraged about making it in man's world?



Seems that way. In More's list of top ten careers for women "who want a life," law (not surprisingly) didn't make the cut. So what was on the "good" list? Jobs that allowed women to go solo--like being a personal financial adviser, Web professional, accountant, public relations consultant, or a technical or Web writer.



I'm all for entrepreneurial careers. But here's what I found really jolting: Most of the other recommended careers are already female ghettos. That's particularly true in the health care field, where the "good" jobs are dental hygienist, nurse, and doctor's assistant. (Interestingly, medicine allows greater work/life balance than law and finance, according to a Harvard study.) Also on the top ten list are jobs where women have already staked a claim—physical and occupational therapist, and social worker.



Don't get me wrong—these jobs are all valuable to our society. It just saddens me that women are counting themselves out as leaders and bosses in the bigger world. The way I read it, the More survey suggests only two viable routes for women--either go out on your own, or be a helper to the (male) movers and shakers.



Braunschweiger tells me she prefers to see it in a more hopeful light. "It's a wake-up call to the American workplace," she says. "There will be a talent crunch unless companies change the workplace."



Gee, I'd like to believe her.

(Published by The Careerist - November 6, 2011)

*Não adesão à nova regra gramatical.