sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

O amor transforma

"Vamos brindar à vida, meu bem". Ai, Ai, Ai, Vanessa da Mata

Apaixonados por uma causa montaram uma empresa e dela veio a transformação social, familiar, pessoal e individual. Mudou a rotina, os interesses, o olhar da perspectiva.

Solteiros começaram a namorar e ficou difícil acompanhar as longas legendas projetas pela tela do cinema.

Os noivos se casaram e uma festa não é só uma festa. Um casamento não é só um casamento, mas a reafirmação de um momento que também já foi seu: voto tem outro significado, embora tenha sempre um eleito.

Namorados ficaram noivos e o anel não é mais um anel :)

Namorados que decidem morar juntos repensam a lista do supermercado e transformam o 1 em 2 - e não o contrário.

Amigos que dividem apartamento passaram a ver aquele último ovo na geladeira como uma fome mais sutil - aliás, dá para fazer um omelete, hm?!

Amigas que se dividem em dois carros, em três ou quatro telas, para estarem juntas num só tempo e lugar, mudam a paisagem. Não é só mais completar o tanque, o crédito do skype ou ir para a montanha e para o mar. Tudo deixa de ser o que era e vai além.

As moças se tornam mães e o mundo muda. Tudo muda: um corpo não é mais só corpo.

Seu time ganha o campeonato. O troféu não é só o enfeite da vitrine. A faixa não é só um pedaço de pano. E a purpurina, ah!, vira quase um carnaval.

Seja qual for a sua forma de amar, ame positivamente. Transforme para melhorar. 

terça-feira, 12 de novembro de 2013

"Isso tem sido muito comum (...)"

Eu não sou "da moda antiga", mas há pouco tempo observei como várias coisas em coletivo têm me irritado e confesso que não gostaria de me isolar, para vivenciar determinados prazeres ou simplesmente ter que pensar e repensar um simples ir e vir.

Tem me impressionado a frequência e a intensidade da rispidez das pessoas em diversas situações cotidianas, mas quando chove, parece que despenca canivete, ou elefantes. As pessoas se empurram, abrem o guarda-chuva sem a menor delicadeza, entram no ônibus ou estação de metrô como se fosse o último a passar, por uma eternidade.

A não pronúncia de "com licença" ou "por favor" me amedronta, quando a cada porrada sinto um assalto não anunciado; um descaso social que grita mais do que um berro de "sai da frente!".

Isso tudo poderia ser justificado, se este meu julgamento acontecesse por hábitos de classe distintos ou pela diferença social. Nada disso. Ao meu ver, o aumento de escolaridade nada tem representado em quesito de civilidade: as pessoas continuam (e parece que cada vez mais se tornam) inconscientes do mundo e da realidade ao seu redor.

Mesmo com tanta informação, acesso ao saber, fica até difícil falar em "senso comum".

Tanto desacredito que a taxa de escolaridade tem mudado algo positivamente, que dessas situações recentes, três me tiraram seriamente do prumo e me fizeram pensar "será que não deveria ter ido pra casa?".

Em meio a uma sessão de cinema, que já havia começado há mais de 1 hora, uma senhora, "elegante", entra falando ao celular, alto: "Estou no cinema, depois me liga. No cinema. É. No Shopping. Isso (...)" e vários da plateia começaram "Cala a boca, vaca!"; "senta porra!", "Shiiii shiiii shiii".

Em dois outros momentos, enquanto em um debate, três moças, com mestrado, não pararam de falar por quase duas horas! Eu olhava para trás, fazia caras e bocas, e nada. Eu realmente não consigo entender e o pior é que eu fico em casa enquanto essas pessoas é que não deveriam sair da delas, para causar tantos desprazeres, desrespeito.

Achando que eventualmente eu estava sensível, chata, exigente ou cri-cri demais, me senti, ao mesmo tempo que aliviada e solidária, triste e, então, descrente, quando li que o Marco Nanini suspendeu sua peça em São Paulo por mau comportamento do seu próprio público.

Se puderem me ajudar a ser otimista, fico grata. No momento, a minha interpretação da sociedade não tem sido muito boa. O que era esporádico está se tornando comum. Mas este comum não tem nos trazido nenhum bem (comum).

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Cartas eletrônicas - trocadas

Bom ir lendo e ouvindo: http://www.youtube.com/watch?v=wYTzeLtzi00
"Quando percebeste que o diálogo é o melhor instrumento para a paz? (...)". do Livro "A Perfeita Alegria".


- Acredito realmente que embora sua dor não seja minha, sou solidária a ela; e acredito também que há pessoas genuinamente querendo serem melhores e fazer melhor do que fazem, diariamente.

- Não quero conversar agora sobre isso tudo... só peço que reze por mim, por favor. 
- Muita luz pra você!
- Eu quero que as pessoas vivam as suas vidas com amor. Com prazer. Com alegria! Que elas valorizem todos os momentos como um verdadeiro presente! Que elas se encantem com os detalhes!! Que elas dividam sentimentos! Criem oportunidades para a felicidade se revelar! 

- Também vi o filme do Jobs. Uma pena que seja um gênio genioso :/
Queria tanto que as pessoas fossem mais humanas e que fossem referência por isso, sem ser 8 ou 80, sabe? Sem que os líderes humanistas sejam necessariamente ligados a uma causa dos pobres ou oprimidos. 

- Véi, é foda! Mas é uma fase.
- Manda vê ai. A gente acha - aliás, várias vezes tem certeza - que estamos dando passos pra trás, mas - aliás, damos mesmo, mas pra pegar impulso ;-) Revisite sempre suas crenças e o que te faz arrepiar. O caminho tá por ali. Nem tão perto nem tão longe, por ali. 

- Um beijo pra você!

"(...) Nada me pareceu tão útil ao homem como o silêncio e a lentidão. Por isso os tenho honrado sempre como deuses por demais esquecidos." Antoine de Saint-Exupéry, in 'Cidadela'.
   

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Ser e ter, sempre à tona. Presente.

Tenho conhecido várias organizações através do meu atual trabalho e, sobretudo, tentado enxergar de fato as pessoas que estão "por trás delas". Tenho admirado e me surpreendido positivamente que realmente existem pessoas que buscam, na prática, fazer diferente e melhor.
Não me interessa  entrar na seara da "falsidade corporativa", das pessoas que pretendem ser o que não são, das máscaras que não caem. Me interessa o brilho nos olhos, a força da voz, mesmo suave; a crença, a tentativa de identificar uma causa para agir com propósito, com coerência. Tenho me motivado em conhecer pessoas que mudam, mesmo que a longo prazo. Que não desistem, mas também não se apegam. Que correm riscos, contribuem, colaboram e agregam.

Estes dias, numa dessas reuniões inspiradoras em que você arrepia a cada dois minutos de troca de possibilidades, na busca de soluções para todos, um executivo de uma multi-nacional, que gerencia os negócios dentro do mercado da América Latina, falou do conceito de "ser realizado" na vida, de como os jovens estão assumindo as escolhas hoje e de como isso de fato interfere nas pessoas que se tornarão, n'algum momento.

E aí, e eu juro que estávamos falando de negócios, ele diz "Você precisa ser feliz para ter sucesso". Naquele segundo, achei que ia cair para trás. Tremi. Ri. Bebi água, mas meu copo já estava vazio. Achei bonito e verdadeiro. Me deu o estalo da simplicidade. Me lembrei de pessoas que estão já há algum tempo insatisfeitas, mas não se movem e se permitem ser infelizes, culpando "o outro", mas acreditando que estão no caminho do sucesso - porque "os fins justificam os meios". Entendi a incoerência, coerente. Pensei em mim mesma e em meus múltiplos momentos, num só tempo, e entendi que buscamos, talvez "pela primeira vez", ser antes do ter; mesmo. E que se a busca do ter estiver desassociada do ser, não faz sentido, não traduz em significado.

Para não colocar a fonte deste recente feixe de luz, fico com uma do Steve Jobs, que pondera sobre a mesma perspectiva dessa busca por lugares e relacionamentos, que se encontram em forma de vida: "(...) A única maneira de fazer um ótimo trabalho é fazendo o que você ama fazer. Se você ainda não encontrou, continue procurando.  Não se acomode. Assim como com as coisas do coração, você saberá quando encontrar".

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Meus namorados - que eu não namoro

Já morei numa casa com nove pessoas. Por um mês éramos 15. Mais adiante, por uns oito meses, chegamos a ser 22 - e em momentos até 30. Morei com meus pais e irmãos, claro.  Morei sozinha. Morei com uma menina. Com duas mulheres. Com quatro mulheres. E este ano, aconteceu de morar com dois homens. Um já era amigo de longa data, o outro nunca tinha visto na vida: mal sabia que o destino me presenteava - e aquele dia, não era "dia dos namorados".

Hoje estamos fazendo cinco meses de relacionamento e estamos muito felizes. Eu estou e eles também - estou tranquila que realmente não falo só por mim. Dividimos nossa vida, as contas, os temperos, o queijo de Minas, as cervejas, o suco, o chá gelado, o sofá, os talheres, o sabão em pó e o amaciante. Compartilhamos as alegrias, o bem-estar da saúde - Amém - e as frustrações. Os amores e os desamores. As tentativas, os erros e os acertos.

Aproveitamos a mágica de nos divertirmos um com outro, de rir um do outro, de fazer piada, sem desmerecer. De ficar irritado, sem pedir desculpas: somos sendo, sem máscaras ou representações. Discutimos sem desrespeitar, tomamos decisões coletivas, sem priorizar o indivíduo - mas continuamos sendo um só, cada um com seu cada qual. 

Não nos anulamos, individualmente, para conquistar um ao outro. Nos gostamos assim, do jeito que nos fizemos ser. Se um quer cinema, o outro bar, o outro dormir, tudo bem. Se todos querem ouvir música alta, tudo bem também. Se um quer sopa, o outo nada, por quê não?

Falamos de nossas famílias e de como gostaríamos de construir a nossa. Não somos de São Paulo e falamos como é bonito e importante estar aqui, neste momento da nossa vida. Somos jovens e maduros. Nos acordamos quando um perde a hora para trabalhar. 

Entendo hoje que a fluidez do dia-a-dia não está na facilidade, mas na simplicidade, no companheirismo, na diversão com responsabilidade, no compromisso com a leveza.

Aos meus dois namorados, que não namoro, parabéns pra nós! Vocês têm sido grandes amigos, colegas e irmãos. Entre tantas experiências, posso dizer que a que vivo hoje é um exemplo de consideração positiva: "que seja eterno enquanto dure*",
Da Dona Flor que não tem nenhum marido, mas tem dois queridos.
Sejam felizes e que encontremos nossas três metades: A gente merece! :-)





*Vinícius. 

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Inspiração: Criadores e Criaturas


Trabalho com pessoas que me inspiram, todos os dias:
Eles não andam, nem desfilam
Não trabalham, na verdade inspiram.
Eles não criam; se divertem.
Não vêem o mundo: o colorem.
Não traçam metas, desenham sonhos.
Não respondem emails: contam histórias.
São meus super-heróis, mas não têm super-poderes.


Este meu pensamento veio depois que mandamos (este) "Muito obrigado" a um usuário da nossa plataforma - que ainda não nasceu direito, mas já tem uma bela torcida a favor de que venha com saúde e próspera! Ele poderia ter ficado calado. Ele poderia ter "metido o pau". Mas ele escolheu contribuir! Nos escreveu sugerindo melhorias. Foi educado. Participativo. Positivo. Acreditamos nestas pessoas boas que, sim, são maioria. Acreditamos que toda criatura é criadora. Basta ela escolher para o que cria: obrigada, mundo!

"A menos que 'nos tornemos a mudança que desejamos ver acontecer no mundo' (como diria meu avô), nenhuma mudança jamais acontecerá [...]. Se mudarmos a nós mesmos, poderemos mudar o mundo. Essa mudança começará por nossa linguagem e nossos métodos de comunicação", Arun Gandhi.


quinta-feira, 16 de maio de 2013

O dia das mães e seu blablabla


"Depois que um corpo
comporta outro corpo
nenhum coração
suporta pouco".
Alice Ruiz

Eu sempre tive preguiça do "Dia das Mães" - aliás, do Dia dos pais, da mulher, do coelhinho da páscoa e ultimamente até do Natal. Tudo muito comercial e pouco espiritual. Conforme fui evoluindo minha consciência - ou pelo menos tentando -  fui me esforçando para que todo dia fosse dia deles - menos o do índio! Dia do índio eu realmente gosto de "celebrar" à parte: fantasia-se e volta-se a história. E como eles não fazem parte do meu dia a dia, não vejo porque considerá-los diariamente (não me entendam pela metade: o fato de não comemorar a vida deles diariamente, não significa que eu não os atribuo importância).
Pois bem, nessa tentativa de maior verdade espiritual, todo dia é dia da minha mãe - e de todas aquelas que não só sabem ser, mas amam ser, se divertem sendo e são com toda a intensidade que o coração e a alma desta vida possam devotar.
Recentemente, uma das minhas melhores amigas do mundo se tornou mãe. Não estava planejado, não era esperado. Mas aconteceu. E que coisa mais linda de se ver a multiplicação do amor, a manifestação de uma nova vida, a continuidade de uma família, de uma mistura, de um rearranjo sobre o que se acredita. 
Eu sou muito a favor dos dias especiais, mas mais ainda de menos blablabla: ame na prática, presenteie com abraço, participe da vida, sem que a tevê te relembre isso.
Comemore por seu pai ter assumido o lugar da sua mãe. Por avós, tios ou irmãos que fizeram o mesmo.  Todo dia é esse dia!

quinta-feira, 9 de maio de 2013

É 10!


"Costumes são atos condicionados". Gudrun Burkhard


Eu já estava pensando em passar um fim de semana em BH, mas a força louca veio às 18h da sexta-feira que antecedia um happy hour legal. Eu não estava no clima, nem engajada 100%, embora estivesse super afim de encontrar a pessoa convidada para compartilhar d'algumas cervejas e doritos com a gente. Em 17 minutos saí do escritório e cheguei em casa. Em 13 me troquei e arrumei minha mala. Em 40 estava num guichê da Rodoviária do Tietê, comprando no crédito a última vaga disponível: poltrona 10, plataforma 10, "esteja lá em 10 minutos, de preferência". No meio do caminho para as escadas rolantes, parei numa lanchonete, tirei uma nota de 10 reais, pedi 1 salgado e 1 água:
- Deu R$8,10, moça.
- 'Tá aqui. Aliás, tenho 10 centavos para facilitar o troco.
O atendente grita o colega:
- ôo Fulano! Me ajuda aqui na conta! Não sei se devolvo para ela 3 reais!?... 
Sem que eu possa descrever agora quais eram minhas feições, fiquei calada esperando ver a ajuda do amigo. Eles coçaram a cabeça, olharam um para o outro. Ficaram mexendo na nota de 10 que eu dei, repetindo "mas ela me deu 10 centavos também!". 
"Aah é!", o outro repetiu.
Por fim, não aguentei e disse:
- Você me devolve 2 reais, moço. R$10,10 menos R$8,10 é igual a 2.
- Hmmm. 
Acho que não entenderam. Nem eu, quase. Só lá embaixo me toquei do quão caro foi aquilo!
Fichas caídas a parte, foi uma das melhores idéias que tive nos últimos tempos: ir para a rodoviária e ver se dava. Deu, sempre dá: nota 10, checked!

"(...) Tudo depende só de mim". Charles Chaplin

quarta-feira, 3 de abril de 2013

A manada no metrô de São Paulo


"(...) Do Brasil, SoS ao Brasil
Do Brasil, SoS ao Brasil
Do Brasil, SoS ao Brasil (...)"
Querelas do Brasil - Maurício Tapajós e Aldir Blanc


Fazia muito tempo que não andava de metrô naqueles horários impraticáveis. Mas nesta época, os horários eram mais ou menos entre 06h e 08h, manhã e 18h às 20h, tarde/noite.
Naquele dia o relógio marcava pouco depois de 16h e já na entrada da estação me assustei com o corre-corre: cheguei a pensar que algo tinha acontecido, que aquele seria o último trem daquele dia. Fiquei atenta, até então, somente. 

Depois de algumas estações, "baldiei". Revivi a sensação do tal "formigueiro humano". Três trens pararam e não consegui entrar. Na quarta vez, também não entraria se não fossem os empurrões, aliás, sucção. Era um caminho sem volta. Eu tentei relutar, me esforçando contra a manada, mas eu era literalmente uma formiga, prestes a ser esmagada. Ali dentro,
fiquei imóvel por algumas estações, até que numa delas, senti meu braço saindo pela porta, junto com a bolsa que carregava. Não sabia se gritava, se empurrava de volta, se tentava manter meu braço comigo, se me preocupava com a bolsa. Durante estes segundos, vi um homem ser cuspido pela porta, até que a manada passasse e desembarcasse ali. Eram centenas de pessoas sendo vomitadas pela porta, por frações de segundo. Com muita força, recuperei minha bolsa e uma espécie de dignidade.

Quando por fim as portas se fecharam, os sobreviventes puderam respirar, vi uma senhorinha, frágil, em pé. E outras pessoas sentadas, fingindo dormir, de olhos fechados. O cansaço de brigar por um espaço foi substituído por uma força doce. Me aproximei dela e perguntei se podia fazer algo, se ela demoraria a descer. Ela sorriu e disse "operei meu braço ontem. Desço na próxima".  

Qual o número para o resgate de uma vida melhor? Com quem se fala? O que eu faço?: Chove, alaga. Faz calor, desidratam. Saem mais cedo, passam por cima. Envelhecem, ignoram. Tudo acontece, acostumamos. É assim. Fica assim. Sempre foi assim.

*Não adesão à nova regra gramatical.