sábado, 31 de outubro de 2009

A hora que for - e não for

Acho que o frio chegou mais cedo do que no ano passado, mas todo ano é tempo de dizer "ano passado choveu menos". Tenho antipatia destas frases, porque na verdade a gente nunca lembra, mas o "hoje" sempre parece ser mais do que o ontem e menos do que amanhã. Natural do ser humano que está sempre insatisfeito e/ou em busca por algo maior/melhor.
Eeee, que alegria!

Mas então. Dia lindo. Céu azul, sol sem força, vento de cortar os lábios, mãos no bolso. Em uma desta, meia fina para mais tarde ir para a academia, a gripe me derrubou. Pá. Nocaute. Cama, chá e banho quente. Sopa pela noite, por alguns dias. Um mimo só, que charme de narizinho vermelho =)

A metade do mês de Outubro não havia chegado e as pessoas já apareciam mais elegantes e, agora então, com casacos e a vontade de comer chocolate todo dia depois do almoço.

Eu prefiro frio do que calor e aqui o clima me faz melhor do que no Brasil, que é úmido. Acho que temos seis meses de frio e seis de verão-primavera-verão. Agora só vai ficando mais rigoroso e creio que Abril teremos casaco, ainda!

O dia já amanhece mais tarde e escurece mais cedo. E tudo isto me lembra a vida que levei em São Paulo, principalmente quando eu e Milinha saímos para ir no Puxa-Faca comprar uma cerveja, ficar bebendo em casa, porque a última opção era sair naquele sereno, naquela garoa típica. Ou então, subir a ladeira para ir na padaria com a Te ou a Nana e o Blitz e comer um croissant quentinho com um café expresso bem forte!

Lembro bem da sensação de acordar de meia, passar o dia de pijamão largo, naquela preguiça entre sofá, TV e computador e, depois, meia no pé após banho quente.
Em dias de trabalho, na dificuldade de cair para o chuveiro e sair, também com mãos no bolso e costas encolhida, encurvada para a frente, como se fôssemos colchões dobráveis e macios.

Saudosismos à parte, acho que são coisas de pós-aniversário, ainda no resquício de e-mails e mensagens em geral.

Neste mês em que o frio deu sinais de que está prestes a recomeçar, caiu uma chuva de engarrafar toda a cidade e de dar inveja no trânsito da Marginal: inacreditável! Depois de gastar duas horas para um caminho que geralmente dura 40 minutos, resolvi ouvir músicas daquela época e, dentre elas, Camarada d'água. Tudo a ver com isso, principalmente, pelo "viva a tua maneira/não perca a estribeira/saiba do teu valor/e amanheça brilhando mais forte (...)".

Maravilha-maravilha, faça chuva ou faça sol, faça frio ou calor, cada ano é um tempo, ô Camarada D' água.

sábado, 24 de outubro de 2009

Panis et Circencis

Esses dias me disseram que não sou uma pessoa da sala de jantar. Para quem também não tinha pensado nesta definição de pessoas que pensam fora da caixa e arriscam mais do que outras, aproveitem!
http://www.youtube.com/watch?v=VPN4lwVcZLo

Esta semana eu gostei da idéia de que as mulheres aqui saiam pouco nas ruas, se interagem quase nada com aqueles do sexo oposto e se cobrem, literalmente, da cabeça aos pés. Não é machismo da minha parte não, é simplesmente uma constatação: se elas fossem como nós, a competição aqui seria acirrada e o país seguiria dentro das proporções normais de que há mais mulheres do que homens no mundo e, em todas as festinhas e baladas, poderia perder um flerte por alguma delas "despidas".
Ahhh, assim não ia ter graça, não seria nada diferente do que temos e, qual a idéia em arriscar, senão para tentar o que é novo?

Gracinhas à parte, é verdade! Aqui há mulheres bonitas, de traços fortes e que sabem se produzir para um encontro no fim da tarde - pula a produção para casamentos que, não tem jeito, elas pecam pelo exagero!

Na quarta-feira, saí com quatro (também) expatriadas para irmos tomar um café na casa de uma delas, com as líbias. Duas das garotas locais foram em casa se arrumar. Confesso que fiquei muito confusa e não entendi, porque era somente um encontro entre mulheres, no fim do dia: pãozinho delicioso, uma torta salgada que a dona da casa tinha feito, pães de queijo de saquinho para que elas conheçam algo muito bom do Brasil, suco, refrigerante e bolo de chocolate. Simples e informal.

Eu particularmente estava ansiosa para o momento em que tirassem os véus, porque as vejo todos os dias, sempre e somente com aquela carinha redonda, limitada, à mostra, dificultando a expressão e minha curiosidade sempre foi em relação ao cabelo delas: será que é mofado?

Não dêem risada, hein, não é sacanagem. Meu questionamento é muito sério, embora tenha sim um tom debochado =)
Eram cinco meninas. Mulheres com postura infantil e ingênua. Super engraçado e estranho. Às vezes, dá até gastura quando elas me dizem que têm 28, 29 e 31 anos.

Enquanto eu ajudava a preparar a mesa e as meninas-expatriadas colocavam a mão na massa, as líbias se retiraram para "se arrumarem" e as outras duas que tinham saído do trabalho mais cedo chegaram, cobertas de preto, daquele jeito e, em 30 segundos, se transformaram em duas morenas tipicamente brasileiras de dar trabalho em qualquer calçadão do Rio deJaneiro.

Que agito para umas e que susto para mim! Ahaha. Senti medo. Parecia uma transformação cinematográfica. Cabelos longos, pretos, muito bonitos, olhos maquiados, roupas moderníssimas - saia, bermuda nos joelhos e blusa sem manga, decotada. Facilmente passariam despercebidas em qualquer boteco em BH! Aliás, despercebidas como árabes e muito bem notadas como toda jovem bonita que sai para tomar uma cerveja e se divertir!

Logo, as outras três saíram dos quartos-banheiros, com os cabelos à mostra e as roupas normais no corpo. Uma tinha até mechas a la Spice Girl! Uow-uow-uow, que alvoroço!

Eu olhava para as meninas e me perguntava o porquê não imaginá-las comigo em BH, conversando com meus amigos. Que nada! Isso aqui é outro mundo. E como disse um cara que me conhece muito bem, para viver isso, só pessoas que não são "da sala de jantar".

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Um quarto de século

Quarto [(...) 4 Diz-se de cada uma das quatro partes iguais em que alguma coisa está, ou possa estar dividida (...); 6 Cada quinze minutos ou cada quarta parte da hora; 7 Cômodo de dormir (...)].
Michaelis

Além da cozinha, diria que o quarto representa o grau de intimidade que compartilhamos com a pessoa. Se é amigo, se é próximo, você convida a entrar e ver aquilo que é mais importante e dá nome aos rostos expostos no mural de fotos e porta-retratos.

Apresenta-o aos bichos de pelúcia ou brinquedos que foram companhia durante um tempo - não necessariamente infância, porque tem gente que não cresce nunca e mantém o lado alegre - e porque não - bobo da vida.

Às 6:30 do dia 18 acordei e, no meu quarto, recebi o brinco de prata da minha mãe, com um cartão. Adorei, mas fiquei meio perdida. Logo que abri a porta, as meninas que moram comigo estavam na sala, prontas para descer e, literalmente, de braços abertos.
Assim, o dia começou bem e melhor do que eu imaginava!

No trabalho, alguns desavisados passaram despercebidos e isto foi meio estranho; mas depois de um e-mail do RH, comunicando o dia, recebi vários outros, seguidos de ligações.
Ainda, compartilhei da alegria contida dos líbios e de situações embaraçosas, em que um deles me abraçou e deu "dois beijinhos", como um brasileiro, causando alvoroço aos outros locais que viam a cena.

Para não demostrar minha vergonha, optei pelo riso e dei gargalhadas ao ver a cara de espanto dos demais. Meu chefe, brasileiro, aliviando a minha barra, disse "O que é isso minha gente? Isso é normal. Vejam só" e repetiu o abraço, seguido de beijos.

Durante as horas, ligações do Brasil, Equador, Cancun, Colômbia e a salvação permitida pelas comunidades efetivamente de relacionamento, como Orkut e Facebook, além do MSN.

Terminando o dia, enquanto eu alongava, dois bolos eram preparados no hall da academia: Parabéns para você - acho que foram 50 velas =)

Já em casa, mais gente reunida, alegria, um outro bolo de chocolate com pêssego - gigante, com um B-zão enfeitado por coco ralado - cachorro quente com milho e batata palha - Nossa Senhora - e cerveja sem álcool, refrigerante e água para o brinde do quarto, para onde fui, agradecer por mais uma vela acesa!

sábado, 10 de outubro de 2009

X - O décimo mês do ano

Dez [Diz-se do cardinal equivalente a uma dezena. sm 1 Os algarismos arábicos (10), a letra romana (X), ou qualqueroutro símbolo que representam dez. 2 Carta de jogar marcada com dez pontos. 3 Aquele ou aquilo que tem o décimo lugar numa série].
Michaelis

Comemorar aniversário para os líbios não tem o mesmo significado que para nós. Com a mentalidade voltada para o que é coletivo e, sendo aniversário uma data individual, não é grande coisa e nem comum uma pizzazinha com amigos ou família.

Assim, ho-ho-ho, não é Natal nem Ramadã, mas foi dada a largada para o melhor mês do ano para mim: Outubro!

De primeiro, no dia 03, vem a Cá. Mamãe é do dia 06 e a Te também. Logo em seguida vem a vovó e o Chefitcho no dia sete. Dia 11 é a Marcelita, minha prima, e dia 12 é um pouco de mim também: Criança e Fé - adoro relembrar o recreio desta época quando no colégio.
Felipão vem dia 15 e Ruth dia 16.
Seguindo com fôlego, chega o dia 18, onde, mais do que em qualquer outra data, costumo reunir "todos os meus amigos do mundo" e a família.
Alegria estoteante, em partilha com a Bela, "amiga para sempre", que, junto com o Mendes, faz aniversário no dia 19 e com quem divido a anual celebração há quase dez anos - o número do mês!
Dia 20 tem mais três bolos: um pro Chocô, um para a Tia Tetê e um para o meu primo Caio, que já deve fazer 15 - ou 14, por aí.
Quase fechando, dia 23 tem a Déa, amiga-noiva-poeta e, dia 24, o Tio Fael.
Particularmente neste ano, o mês será encerrado com chave de ouro, porque a Déa se casa dia 31 e, assim como nesta, não vou estar em nenhuma das outras fotos.

Não sei como vai ser, mas tem sido curioso receber e-mails ansiosos, idéias por telefone e cartões postais que serão destinados a BH, já que aqui não tem endereço.


Quando voltei do Brasil e abri minha mala, tinha um presente, um cartão e um bilhete "Abra somente dia 18. Beijos, Mamãe". O que será que será?

Enquanto a semana não passa, o dia não chega e eu não decido se viro líbia este ano - para esta data, vou vivendo um por vez, e, com graça, recomeçando de novo e terminando sorrindo.

A última da série foi:
- Por favor, gostaria de falar com Sr. Antônio?
- Sou eu.
- Oi Sr. Antonio, é Bárbara, tudo bem? (blablaba) Estou ligando para dar uma boa notícia (...), o Sr. tem interesse?
- Claro que eu tenho, fia! É rua..., número 44.
- Ahahahahaaha.

sábado, 3 de outubro de 2009

O que importa é o seu dia-a-dia

Rir [(...) 2 Ter um ar agradável, alegre; sorrir; 3 Assumir uma expressão alegre, ter aspecto agradável (...); 6 Achar graça; desfrutar(...)].
Michaelis

Eu tenho pensado no quanto dou risadas diariamente, por me surpreender com a humildade de algumas pessoas com as quais converso, principalmente, as que são do interior do Brasil; ou simplesmente por me divertir com minha própria espontaneidade - para não dizer "freqüente atuação por gafes".

Se eu tivesse o dom de ser roteirista, tentaria compartilhar a graça com muitas pessoas, para que pudessem rir também. Mas há situações que somente presenciando, todavia, vou ser ousada, porque ainda não paro de rir com dois casos que aconteceram esta semana e de uma lembrança de um tempo passado:

I - Episódio Ligando para a Tunísia (relembrando)
Eu, em inglês: - Por favor, queria falar com o Senhor Walled?
Do outro lado, uma voz feminina, tentativa de Inglês, quase que em desespero: - Alô? Oi? No English! French? Portuguese?
Eu, em Português - Português!, Você fala Português?
E a senhora, literalmente, gritando! - Siiiiiiiim, ô-ô-ô, Sou de Goiâniaaaaa

Ahahahaha, só pude rir por alguns minutos, e nada mais. Como assim eu ligo para a Tunísia e quem atende é uma brasileira de Goiânia?
Bom, o Walled não estava, é marido dela. Se conheceram quando ele foi para o Brasil, ela largou tudo para viver um grande amor. Além de bonito, muito engraçado - para mim.


II - Episódio Fauze
Eu, em Português, ligando para um DDD (11):
- Por favor, queria falar com o Fauze?
- Ô fia, ele num tá. Cê qué ligá di noiti? Fala cá mãe dele. ô cá irmã.
- Está bem, obrigada. Mas se eu ligar neste DDD (37) que tenho aqui, consigo falar com ele?
- Ah fia!, ele nunca me dá o celular dele. Eu peço, mas ele num dá. Liga di noiti. Fala cá mãe dele!
- Obrigada, senhora. Vou ligar mais tarde então. Tenha um bom dia.
- ô-ô-ô Fiáá, alô, alô, desligô?
- Não, senhora, pode falar.
- Fia, você quer falar com quem mesmo?

Ahahahahahahaha, essa eu ri no telefone mesmo, foi impossível! Como assim com quem quero falar? É com o Fauzeee, ahahaha, eu hein?!
A peça-rara da Senhora, eu acho, não tinha entendido, mas quem está sem saber o que aconteceu sou eu. Enfim, depois ligo para o DDD (37).

III - Episódio "Eu só queria ser a Miss Simpatia"
Saí da minha sala e fui até a sala ao lado, pegar uma impressão que tinha feito. Voltando, me deparo com dois Vietnamitas com a cara péssima e, em tom imperativo, começam a falar comigo - no idioma deles.

Impedindo-os de entrar na minha sala - fiquei com medo - comecei a gritar "Me ajudem, me ajudem! Alguém vem cá" e nisso o Fernando, que trabalha comigo, gritou "Estou indo, Babi!".
E então, um dos Vietnamitas parecia ter ficado muito impaciente com o fato de eu estar simplesmente parada, olhando para eles. Foi então que, na tentativa de ser a Miss Simpatia, para quebrar o gelo, trazer um sorrisinho de "calm down", eu puxei a minha mão direita, estiquei o braço em sentido à mão direita dele, apertei forte e disse, sorrindo:

"Eeeeeeeeeeeei! Bem-vindo ao RH! Posso ajudar?"

E então, a pessoa simplesmente desiste de emitir qualquer semblante, o Fernando chega, eu saio correndo para minha sala e compartilho: "Gente, que medo, sei lá o que eles queriam".

Logo, a Jana diz "Ah Babi, é o Vietnamita que está com a mão (direita) machucada, porque caiu um bloco de concreto e está com dor, porque não resolve".

ahahahahahahaha

Maravilha! A Miss Simpatia jájá toma um "presta atenção" e desiste de rir. Engraçadinha!

*Não adesão à nova regra gramatical.