terça-feira, 6 de junho de 2017

Como assim, Filipinas?*

Eu não me preparei muito para essa viagem: meu plano A para as férias era o Butão, um sonho antigo, que vez ou outra volta avassalador - e que não foi dessa vez que pude bancar. 

Frustrada, afinal, foram 20 meses desde as últimas longas férias, para, no fim das contas, a conta não fechar; recomecei a pensar em outras paixões asiáticas e, tão logo cogitei "Tailândia", uma amiga me disse: "Se animar esperar Novembro, eu devo ir: Ao menos te garanto companhia".

"Companhia". Tava aí outra coisa que não planejei, aliás, acho que nem cogitei - havendo me programado para o Butão, ir sozinha era quase um modus operandi.

Sem Butão, nem companhia, mas querendo muito Ásia, mesmo com a perspectiva do 2o. semestre; revisitei meus desejos e veio "por que não, Filipinas?". 

Talvez num espaço de duas semanas tudo aconteceu: li o básico (que só chegando nas Filipinas vi que era menos que o básico), tentei dicas de pessoas que já haviam estado lá - but they didn't help much - e, graças aos blogs internacionais (é Brasil, os poucos que achei em português eram tão básicos quanto dar um Google sem foco), fechei o roteiro: Boracay, tida como a Ibiza Asiática, com promessas de praias mais paradisíacas do que as Tailandesas; Puerto Princesa, capital do arquipélago de Palawan, que está mais próxima aos destinos recomendados, como Underground River e Honda Bay e, por fim, El Nido, uma cidade também pertencente a Palawan, mas rodeada por penhascos de pedra calcária, com 45 ilhas à sua - no caso, minha (risos) - disposição.

Até chegar em Boracay a viagem foi exaustiva, talvez porque eu tenha me informado pouco: entre São Paulo e Manila tudo aconteceu de maneira suave - vôos sem sobressaltos e todos no horário. 

Quando cheguei em Manila, sabendo que tinha que trocar de aeroporto (do internacional para o doméstico), comprei uma passagem para Boracay com quatro horas de intervalo - e ainda bem, porque depois de chegar ao terminal doméstico e andar por mais de 20 minutos para-lá-e-para-cá, cada hora seguindo uma orientação, me veio a última de que na verdade eu tinha que sair do aeroporto, pegar um ônibus (pago) e descer no "terminal 4"; eu estava no 3.

Frio na barriga à parte e com receio por já ter trocado os dólares em pesos filipinos e sair na rua sozinha, achei o ônibus e confirmei destino. 

Vinte minutos depois, nada de paradas para desembarque. Levantei do fundo e gritei em inglês "terminal 4?!". O motorista falou qualquer coisa com semblante ruim e gesticulou. Uma anja bilíngue traduziu para mim: "A entrada do terminal 4 já passou. Ele perguntou se alguém ia descer, ninguém respondeu, ele continuou - mas fica tranquila porque ele lembrou de você e vai voltar".

Grata por isso e por estar com tempo de sobra para meu voo, fiquei tranquila e dali uns 20 minutos já estava com check-in feito, sentadinha no portão de embarque que mais parecia o de uma rodoviária pequena: confuso, cheio e sem informações visualmente disponíveis.

Com um atraso de mais de duas horas, voei para Boracay na ignorância de que seria uma hora de voo, mais umas duas horinhas de transfer - que já havia sido confirmado e reconfirmado pelo hotel.

Desembarquei e não vi ninguém parecido com alguém que pudesse ser do transfer/hotel. Saí, voltei. Olhei profundamente para algumas pessoas para ver se levantavam uma plaquinha com "Ms. Teles" e nada. Àquela altura já estava há quase 40 horas viajando e só precisava dormir - nem tinha consciência mais sobre fome.

Desacreditada de que poderiam ter desistido por causa do atraso das duas horas, resolvi perguntar e deu certo: uma mulher me indicou um lugar de informação sobre transfers e logo consegui a confirmação do meu: "Sai aqui do aeroporto e segue reto. Seu ônibus é o de número 5 - e me entregou um papel. Na sequência - e me entregou outros dois papéis - você tem seu voucher para o barco, e depois taxi". Nesta hora eu me assustei: "barco?".
"Sim, senhora. Barco" - ela respondeu impaciente. 

Não entendi nada, e segui. Demoramos 30 minutos para sair do aeroporto no tal ônibus e ali caiu minha primeira ficha de que teria que ter esse espírito de esperar sem nem saber o que ou por quem, mas esperar.

Uma hora e meia depois de seguir por estradas estreitíssimas e sinuosas, chegamos a uma espécie de porto. Paguei uma taxa local de "preservação ambiental" e entrei no tal barco, com outras tantas pessoas, já diferentes das que estavam no ônibus.

No auge da madrugada, nem me lembro se passava das duas da manhã, me rendi ao cansaço e desisti de contar o tempo ou adivinhar a próxima etapa: eu realmente só queria chegar.

Deste momento até o hotel - ah!, depois do barco não era táxi, era uma van em que também tive que esperar outros passageiros - foram mais uns 30 minutos, mais ou menos. 

Quando enfim cheguei ao hotel, o recepcionista não falava um "a" de inglês, o que achei bem absurdo. Pedi a senha do wi-fi, ele custou a entender e só não desisti porque já havia passado quase cinco horas da minha partida de Manila e meu desespero era imaginar a preocupação da minha mãe.

Eu estava a ponto de desistir do wi-fi e claramente irritada pela primeira vez, mas entre a recepção e o meu quarto o sinal pegou e pude balbuciar, numa mensagem de voz, que estava tudo bem.

Segundos depois, pouco me lembro da entrada no quarto e, finalmente, dormi.

*Parte 1 de algumas - #calmaEacompanhe.

7 comentários:

Unknown disse...

Babi adoro ler suas estorias!!! Me transporto neste seu espirito aventureiro!!!
Esperando o reesti!! Kkkkkkk Beijos

Rafita disse...

Uau.... Já estou na expectativa da continuação! !

Rafita disse...

Uau.... Já estou na expectativa da continuação! !

Unknown disse...

Aff, Bárbara Bela! Tô exausta só de ler. Mas estou aguardando ansiosamente os próximos capítulos. Beijos

Unknown disse...

Ei Babi, que experiência hein!!! Adoro seus textos pois de uma certa forma consigo "viver" as suas experiências no modo como escreve, me sito transportado para dentro da história - claro que bem menos sofrido neste caso. Boa viagem, e vou acompanhando por aqui, já estou ansioso pela próxima etapa.

Beijos.

Fábio Drumond

Unknown disse...

Muuuito Bom!!!! Preciso saber do resto!!!

Babi Teles disse...

Brigada, gente! Próxima 3afeira tem mais =P

*Não adesão à nova regra gramatical.