"A cidade é fantástica. Suja, com gente feia, mas o mais importante, com cultura própria muito forte". Blitz.
Isso não fui eu quem disse e nem é sobre Tripoli. Mas foi o que um amigo meu, o Blattes, natural de Santa Maria-RS, me disse sobre Belém do Pará, Brasil. Me identifiquei muito e vi as conexões que podemos fazer entre as cidades e vidas mais inimagináveis, contudo, possíveis.
Eu nunca tinha ouvido falar em "Líbia" até receber a proposta que para cá me trouxe e, quando ouvi falar, peguei o mapa mundi e vi que não tinha a mínima idéia de onde era. Já as pessoas de 35-50 anos sabiam pela questão do relacionamento com os EUA no passado. Eles eram recém-adultos e eu criança. E na escola não me ensinaram nada disso. Nem a vida. Até Setembro de 2008.
Mas acho que hoje a melhor procura do entendimento destas e outras conexões é a internet.
Eu demorei a gostar desta coisa e ainda não sinto muita afinidade com o computador. Acho muito técnico para minha personalidade de trato interativo e humano. Mas comecei a valorizar e ficar online quando vi que conhecia várias pessoas de lugares diferentes do Brasil e do mundo. São pessoas com quem eu estive por uma, duas ou pouquíssimas vezes e que não sei quando vou vê-las de novo, pessoalmente. Salve-salve webcam! São pessoas que podem me dizer da cidade delas, da origem delas, de uma forma mais forte e compreensível do que qualquer livro muito bem escrito e qualquer pesquisa meticulosamente aplicada.
Eu acho que viajar é uma forma de fuga: desconectar-se das coisas que te prende. Mas ainda bem que existe a tal da internet para a gente poder compartilhar, dentre várias coisas, o sentimento de alguém que está em Belém do Pará e fazer dele algo tão próximo quanto ao meu que estou tão longe daquele que escreveu.
Aqui está frio e o Marcelinho em São Paulo está passando mal de calor. Mas os dois estão desconfortáveis. E sabemos disso quase que simultaneamente!
E na década de 80? Quem viajava para lugares tão longe estavam desconectados, viviam sentimentos sozinhos, mesmo quando não queriam. E escreviam cartas que ao serem lidas perdiam parte do sentido.
Hoje, a Líbia mantém uma relação diplomática com os Estados Unidos. À princípio é um país que não apresenta risco de ataque terrorista ou coisas do gênero atual. E o melhor disso é que dou estas notícias em paz. Você lê = você sente.
Mas independentemente do que se passa na minha rotina de cruzar por vias sujas e cultura forte, a certeza que trago é rezar quase que uma novena para a Santa Internet permanecer estável para mim que escrevo e para as pessoas que me lêem.