sexta-feira, 18 de junho de 2010

(E) Feito Borboleta

Quando eu vi o filme Efeito Borboleta pela primeira vez, não gostei. Não entendi a lógica. Por ali, eu já estava na Faculdade, mas só fui entender a mensagem e acreditar que fazia sentido e era verdadeiro, depois que decidi sair da empresa do meu pai, para seguir um caminho desconhecido, meu, que eu traçaria conforme caminhasse.
Pensei sim - e ainda penso às vezes - no "e se tivesse continuado na Empresa do meu pai?": mas o "se" logo se desfaz.

Nada do que eu pensava para mim, naquela época, aconteceu. Talvez eu tenha colhido algumas coisas, como ter conhecido vários países e diferentes pessoas, mas a forma que isto me encontrou foi de um efeito proporcionado pelo "acaso" e que, então, me fez adorar este filme e, por conseguinte, a Teoria do Caos.

Hoje, sei e entendo que as coisas farão sentido um dia. Pode ser que leve um, dois, dez anos; mas os pontos se conectam e as pessoas se encontram; desencontrando-se de outras.

Esta minha última semana na Líbia foi leve e boa. Não muito diferente do cotidiano, exceto pela Copa. Na verdade, pelo Jogo do Brasil.

A transmissão aqui só pode ser adquirida a partir do canal Al-Jazeera que é a cabo, mas é de outro satélite, diferente do que temos a Globo Internacional.

Assim, alguns se juntaram na casa de uns expatriados, verde-amarelo, balões, bandeira. Chips e nuts! Tudo pronto! Fui direto da academia. Estava de azul e preto, não me lembrei, !

Pegamos carne em casa para assar no pós-jogo. Levei minhas cervejas sem álcool que, se não bebesse naquele momento, apodreceriam na geladeira, porque minhas roomies gostam é de leite: eu já desmamei faz algum tempo!

Com a ótima transmissão, não vimos o primeiro gol, só ouvimos o Go-Go-Go-Gooooooool e começamos a gritar e nos abraçar!: incrível que até quando o momento poderia ser ótimo, dá raiva. Passou.
Dos 90 e poucos minutos, talvez tenhamos assistido 20, mas o segundo gol conseguimos e o da Corea do Norte também.

Há quem diga que fizeram isto de propósito - sabotagem, mas acredito mesmo que foi o vento: uma tempestade de areia ameaçava chegar desde o amanhecer do dia e se fez presente, fortemente, entre o intervalo do primeiro e o segundo tempo.
Mesmo ficando embaixo da tenda armada no Jardim para me proteger do efeito natural, aproveitei para prender o cabelo e reunir de uma vez só toda aquela areia que, quem sabe, serviria como um nutriente e passava fortemente a mão no meu rosto, para aproveitar o esfoliante natural.
Meus olhos ficaram expostos mesmo e nada de positivo pude tentar tirar daquele momento: era muita areia e muito vento, enquanto o Brasil jogava pela Copa!

Tipicamente assim, com o que vivi no contexto Líbio, fecho este ciclo, com muito aprendizado e certa de que várias sensações, principalmente as sentidas sozinhas, mesmo quando fisicamente em volta de outras pessoas, venham acrescentar em um outro momento e espaço.
Mesmo sabendo que para muitos esta decisão é o princípio de um erro e/ou de um desacerto, prefiro acreditar no Efeito sob uma outra forma, mais atemporal, que não foi definida por nenhuma teoria ou caos, mas pela experimentação prática, real e natural da vida:

"Justo quando a lagarta pensou que o mundo tinha acabado, ela virou uma linda borboleta", Lamartine*.

Darei notícias do Brasil!

*Alphonse Marie Louis de Prat de Lamartine: escritor, poeta e político francês.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Fato consumado

"(...) O futuro está no ar
Posso senti-lo em todo lugar
Soprando com o vento da mudança (...).

Se o meu post anterior "Como é que as coisas são ( )" fosse uma pergunta, eu hoje responderia "engraçadas"; para não dizer "irônicas". E, ainda, se eu te perguntasse o que você faria, se você estivesse determinado a fazer algo que todas as pessoas do seu convívio te dissessem para não fazer, qual seria sua decisão? Qual resposta seria? "Depende?".

Bom, hoje estou determinada a sair da Líbia, com um primeiro plano de voltar ao Brasil, resgatar o convívio com alguns valores, algumas pessoas, algumas atividades.

Embora tenha aprendido com a cultura árabe a não ser tão séria e determinada em relação ao que é planejado, eu criei algumas expectativas em relação a mim mesma quanto a encerrar um ciclo por aqui; só que inesperadamente não está fluindo de forma tão clara e leve como pensei que seria.

Quando esta minha decisão saiu do campo das idéias e ganhou data prática, me expus a uma série de conversas que geraram algumas provocações e (re) questionamentos em mim mesma. Mas (me) relendo, principalmente textos que começaram com o que eu pensei para 2010, me voltava a certeza de que estou fazendo a coisa certa, mesmo que esteja apoiada efetivamente por pouquíssimas pessoas neste ambiente.

Mas, voltando às minhas bases, tenho o apoio de todos, sem exceção e, se foi o Gajo Português que disse, com seus mais de 60 anos, que o que aprendeu da vida é que mais do que qualquer direcionamento é verdadeiro seguir o dos seus pais e dos seus amigos; aí, posso te dizer, não há "se" nem "porém" no que eu escolhi para este momento: El presente!

Coloco um ponto final, mesmo que haja vírgulas no caminho ou reticências e interrogações que me façam pausar a pontuação, até que termine a expressão iniciada.

Nesta semana em que o equilíbrio emocional foi posto em cheque e me avaliava quase que por segundo, tivemos Festa Junina da empresa. Pois é. O tempo está voando; e bem diferente do ano passado, não fiz questão de me envolver com nenhum entusiasmo prévio e, para a noite em si, fui como se fosse uma noite qualquer, preparada para encarar um calor intenso, sem brisas de ar fresco.

Ironicamente, há um ano, pairava uma dúvida no ar entre ir e permanecer.

Muito se passou de lá para cá, mesmo que tenha sido somente uma Festa Junina entre o que foi questionado e vivido naquele dia e nesta noite, hoje.
Contudo-entretanto-todavia, como muita coisa é semelhante mas não igual, a decisão também é outra.

"Ainda que neste momento haja algo que incomoda ou preocupa você, não deve abater-se. Aproveite a circunstância e transforme a dificuldade em um estímulo para ir adiante. Tenha confiança no destino que muda sempre, transformando o mal em bem. A sorte é de quem possui coragem". I Ching - Filosofia Taoísta

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Como é que as coisas são ( )

Procure no Youtube: When your mind's made up - Glen Hansard


Entre os parênteses do título, eu poderia colocar um ponto de exclamação, interrogação ou reticências e qualquer que fosse minha escolha, o sentido iria mudar e traria sensações diferentes; mas não caberia um ponto final.

Assim que cheguei na Líbia, entre um telefonema e outro para saudar os poucos com quem me relaciono, fiquei sabendo que o Felipe estava de partida; porque entre outras coisas, estava havendo um rearranjo no Projeto ao qual estava alocado e que em dias se destinaria para um outro lugar.

Aquilo soou para mim como algo completamente inesperado, afinal, nos meus planos e nos deles, eu iria antes: muito antes!

Nos falamos por telefone e só conseguimos nos encontrar na noite anterior do seu embarque, afinal, a diversão no Brasil repercutiu no preço de resolver várias pendências e, principalmente, me organizar, para que eu me libere em breve e siga, para onde quer que seja.

Com os desafios logísticos, marcávamos e desmarcávamos. Na sexta-feira, trabalhei o dia inteiro, literalmente, chegando em casa e capotando como um bebê cansado após seu aniversário de um ano.

Assim, os dias seguiram e fomos jantar com outros amigos dele: da minha "turma", do verão do ano passado, já não tinha mais ninguém - no fim das contas, era só mais um jantar.

O dia amanheceu e eu estava completamente aérea. Sem foco no trabalho, segui para o Aeroporto para encontrá-lo: Ele não vai estar na minha despedida, se houver uma.
Neste um ano e meio de Líbia, as grandes companhias não estão mais aqui e são realmente poucas as que me aliviam e me fazem rir. Vai ser difícil para elas, assim como para mim.

Foi a semana em que tive conversas importantes. Avisei aos Líbios que mais respeito, admiro e considero, que em breve me vou: fiquei feliz em ver que, por mais que tenhamos os entraves na comunicação, tornamos possível um relacionamento verdadeiro, duradouro, bom e inesquecível!

Conversei com os líderes do Projeto. Com meus pares. Com pouquíssimos amigos e é isso mesmo: em breve, sou eu do lado de lá!
Depois do Felipe, me despedi de uma outra pessoa que a partir de ontem sairia de férias, com quem não encontrarei em breve, porque quando ela voltar já vou ter saído.

Semaninha difícil, mas como diz a Habiba, é só o começo e, acrescentaria, que é o meu e de muita gente; com a espera de que tenhamos todas as pontuações, menos (o ponto) final.


Do Início: Somos o Tico & o Teco.



Do caminho:


Da continuidade:







*Não adesão à nova regra gramatical.