sábado, 9 de janeiro de 2010

Trezentos e Sessenta e Cinco. Dias.

"Inquietação é descontetamento, e descontetamento é a primeira necessidade do progresso". Thomas Edison

O ano de 2009 não foi bissexto, para ser diferente e especial. Mas foi na Líbia, Norte da África. O ano de oportunidades, também para o Brasil. Para os brasileiros. O ano em que vivi e descobri muitas e várias coisas. Continuei a descoberta, sobre mim mesma.

Conheci pessoas e continuei a tentar viver a definição de tempo. Em vão. As coisas acontecem, simplesmente. Sem saber se ia ou ficava, permaneci.

Na volta BH-Tripoli, desta vez, era diferente. Estava acostumada e sabia para onde ia, quem me esperava, o que me esperava e que, mesmo não sendo “o trabalho dos seus sonhos, era você quem deveria estar lá”. Eu e todos os outros, porque a vida é mesmo "a arte do encontro".

Entre o exato cinco de Janeiro de 2009, até o cinco de Janeiro de 2010, eu:

Atravessei mares; senti frio, mas não muito calor; morei em hotel; vivi o analfabetismo, por completo; desenvolvi o Espanhol; desafiei meu Inglês; testei meu paladar e depois o ouvi dizer que não era tão ruim assim; perdi aniversários, casamentos e formaturas; ganhei novas perspectivas; vi dromedários; recuperei a disciplina; curti ter piscina em casa e chamar os amigos para dividir o momento; ganhei o mundo; perdi lançamento de livros, filmes, shows e cds; ganhei uma nova sonoridade; ganhei novas pessoas e todas elas diferentes de muitas outras que tinha conhecido por aí; re-encontrei outras, só porque essa oportunidade me permitiu estar no mesmo lugar, ao mesmo tempo, com várias delas; refiz família e tive irmãs, não de sangue; aprendi coisas novas e vi o que eu não sei aumenta a cada dia que passa; desisti de saber cozinhar; trabalhei; me diverti trabalhando; aprendi a entender o poder e o papel da crença; mantive a ; vi que nem sempre quem ajoelha, reza; voltei a enxergar parte de mim mesma, que estava escondida; superei a saudade de passar meu aniversário longe de casa, com surpresas leves e, não por isso, menos importantes; fechei e abri muitas malas; me convenci que há diferentes formas de inspiração e que é só uma questão de estar aberto; conotei um novo sentido à palavra presente.

Li assuntos diversos. Realizei que seis meses passam rápido e que a cada tempo deste temos novas almas e energias; o Sol e a Lua. Tirei fotos. Nadei no Mediterrâneo. Conheci ruínas Romanas. Viajei. Trouxe as lembranças, empacotei e distribuí. Ouvi músicas.

Assumi que o céu e o mar daqui são maravilhosos, não visto nada igual; que o pão é mais do que árabe, é único mesmo; que a cerveja sem álcool pode ser vendida em grande quantidade e que fumar narguilê se torna às vezes o grande ofício que combate o ócio improdutivo e que reúne indivíduos isolados.

Entendi que quaisquer itens que estejam em quaisquer listas, saúde é o que vale, para seguirmos; e que família e amigos estarão sempre, porque se enganou aquele que disse, e os outros que acreditaram, que ele sempre acaba. E que, divertir e tentar ser feliz, com a limonada de quaisquer limões que se consiga juntar, é prioritário.

E que, como não poderia ser diferente, nesta semana em que completei 365 dias de Líbia, ri, ri muito, quando um colega que freqüenta academia comigo, perguntou:

- Bárbara, como é que faz feijão?
- Putz!
- Ah não! Mineira que não sabe fazer feijão, não é mineira!
- Ué! Pega um tanto, põe água e fecha a panela de pressão.
- Sim, isso eu sei. Mas por quanto tempo? 20, 30, 40 minutos?
- Putz!

"(...)E foste um difícil começo
Afasto o que não conheço
E quem vende outro sonho feliz de cidade
Aprende depressa a chamar-te de realidade
Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso(...)".
Sampa, Caetano Veloso.

5 comentários:

Marcelo Matos disse...

Bárbara,

A vida permite que com um olhar atento possamos aprender muito sobre os outros, mas se ficarmos realmente atentos aprenderemos muito mais sobre nós mesmos e ai descobriremos que os limites de nossas vidas, somos nós mesmos que determinamos.

Um grande amigo meu de infância postou em seu blog o trecho abaixo e achei interessante (...exato..hehe) e oportuno.

feliz ano novo

“quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez,
com outro número e outra vontade de acreditar
que daqui para diante vai ser diferente.”

carlos drummond de andrade

Antônio disse...

Entrei em seu site para saber um pouco da Líbia. Hoje uma sobrinha se casa com um funcionário da Odebretch e está de malas prontas. Gostei muito de seu texto, a menos do horroroso "Realizei..." com o sentido de "Percebi". Deixe essas bobagens para os ignorantes da Língua Portuguesa.
Parabéns

Mila disse...

Foi me visitar :)
Passa rápido o tempo, né !!
Babizii, eu que sou estrangeira sei fazer feijão. Depois da panela de pressão tu coloca uma cebolinha, alho e mais umas coisi...hahahaha
saudáde com acentuação a cada dia!

JuliCas disse...

Hola muchacha! - no sabía que tenías que practicar tu Español en Libia...:))) Gostei muito desse post! - Aproveita desse novo ano lá!

Marcelinho disse...

Putz fofa, arrepiei aqui! E nesse 1 ano tivemos o prazer de nos encontrar no postinho em BH e relembrar uma das melhores fases que a vida nos permitiu viver. E nesse 1 ano a amizade que existe há alguns outros não deixou de existir por se quer 1 segundo...e que venham os próximo, com vc estou! Grande beijo, e mais sucesso!

*Não adesão à nova regra gramatical.